Produtos fundamentais para a agropecuária e indústria gaúcha continuam taxados pelos EUA

Guerra tarifária

Produtos fundamentais para a agropecuária e indústria gaúcha continuam taxados pelos EUA

Carne bovina e tabaco estão entre os principais produtos da região sul do Estado atingidos; no Estado, setor calçadista é um dos mais afetados

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Atualizado quinta-feira,
31 de Julho de 2025 às 16:38

Produtos fundamentais para a agropecuária e indústria gaúcha continuam taxados pelos EUA
Carne bovina e fumo estão entre os principais produtos agropecuários afetados. (Foto: Fernando Dias/Seapdr)

Produtos importantes para a economia gaúcha, do setor agropecuário e da indústria, ficaram de fora da lista de quase 700 itens isentos da taxação adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos e divulgada na quinta-feira (31).

Com isso, caso o presidente Donald Trump não retroceda na sanção, a carne bovina, o tabaco e processos fabris como a produção de calçados estão entre os mais afetados pela taxação que entra em vigor no dia 6 de agosto. 

Dos produtos alimentares do agronegócio isentos, poucos são significativos para o Rio Grande do Sul. Apesar de haver produção gaúcha de laranjas, por exemplo, o quantitativo é pouco relevante se comparado a outros itens. A celulose foi um dos únicos produtos relevantes para a economia do Estado excluída da taxação de importação. 

Carne Bovina

Apesar de apenas 15% da carne bovina produzida no Rio Grande do Sul ser exportada diretamente ao mercado americano, o impacto em toda a cadeia da carne traz grandes consequências negativas para agropecuária gaúcha. Isso quem avalia é o assessor de relações internacionais da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Renan dos Santos. 

“Tirando a celulose, o cenário que nós temos agora, nesse momento, é um dos piores possíveis, porque as isenções não atingiram os produtos importantes para o Estado”. Os Estados Unidos é o terceiro principal cliente do agronegócio do Rio Grande do Sul, ficando atrás da China e da União Europeia.

Conforme avaliação do assessor de relações internacionais, “ainda há esperança”, de que Donald Trump reveja a taxação de produtos como a carne, considerando sua importância na alimentação dos consumidores americanos e o impacto da medida no aumento dos preços.

“Porque isso acaba prejudicando eles de uma maneira muito forte, essa carne bovina que o Brasil exporta para os Estados Unidos muito utilizada para fazer hambúrguer”, exemplifica. 

Tabaco

Boa parte da produção do tabaco embarca diretamente para os Estados Unidos. Segundo Renan dos Santos, o fumo gaúcho tem especificidades para atender o consumo americano e, por isso, seria difícil encontrar outros mercados para a comercialização internacional. 

Maior produtor de tabaco do país, em Canguçu são nove mil hectares destinados ao cultivo, o que envolve cerca de cinco mil famílias. Cerca de 85% do fumo brasileiro é exportado, sendo os Estados Unidos o terceiro maior importador. Em 2024, foram mais de 39 mil toneladas comercializadas para os americanos. 

Couros, mel, e produtos altamente dependentes dos EUA

Apesar de registrar produções menores no Estado em comparação a outros itens da agropecuária, bens como couro e alimentos como mel têm na exportação para os Estados Unidos um dos principais destinos das comercializações. 

Segundo o assessor de relações internacionais da Farsul, mais de 50% da produção apícola gaúcha é importada pelos americanos. No setor de couros e peles, o percentual sobe para 80%. “Tem alguns outros produtos que tem uma exposição ao mercado americano muito alta, apesar de serem menores, e também vemos isso com preocupação”. 

Impacto na indústria gaúcha 

Estudo preliminar realizado pelo Sistema Fiergs indica que 85% dos produtos da indústria gaúcha vendidos aos Estados Unidos serão taxados em 50% a partir de 6 de agosto.

Segundo o levantamento, enquanto no país, 44,6% dos itens não sofrerão a aplicação da taxa máxima, no Estado esse percentual é de 14,9%. Com isso, a estimativa inicial é de que o Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho possa ter uma redução de R$ 1,5 bilhão no próximo ano. 

A pesquisa também aponta que mais de 140 mil trabalhadores atuam em setores expostos às medidas anunciadas pelo governo do EUA, como o calçadista. A estimativa é de que 20 mil postos de trabalho estejam diretamente ameaçados no estado.

Mais de 35% das exportações do país afetadas

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, calcula que 35,9% das exportações brasileiras poderão ser afetadas, caso se concretizem as medidas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos, já considerando os cerca de 700 produtos que ficaram fora da lista do tarifaço de 50% contra o Brasil.

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