A antropóloga visual e fotógrafa Simone Bilhalva estreia em Pelotas sua nova exposição: Tráfego cultural em “Ouro branco”. A mostra fotográfica está aberta a partir de hoje para a comunidade no Museu do Doce da Universidade Federal de Pelotas, na casa 8 da praça Coronel Pedro Osório. A visitação pode ser feita até o dia 30 de agosto, de terça a sábado, das 13h às 18h. A entrada é franca.
A exposição de Simone apresenta imagens em preto e branco resultado de uma pesquisa etnográfica desenvolvida pela antropóloga especialmente para este projeto. A proposta da artista ainda vai levar à comunidade estudantil oficinas de sensibilização à cultura doceira como patrimônio pelotense.
Nesta obra Simone registra com detalhes o fazer artesanal das confeiteiras pelotenses. Um trabalho que carrega consigo uma história de inspiração portuguesa, através das receitas que vieram com os imigrantes.
Para a fotógrafa há um caráter muito afetuoso nas imagens das mãos produzindo os doces. “Essas receitas que atravessaram o oceano com os imigrantes portugueses vieram com as poucas coisas que eles podiam trazer. Era a sua bagagem. O material tem essa pegada, ou seja, essas mãos, que nós falamos no contexto da exposição, são as mãos afetuosas produzindo doces. Eu fui buscar por ser pelotense, por saber que nós temos o melhor doce do mundo aqui. E também por conhecer e ser encantada com essa história”, diz
Desde 2014 Simone desenvolve um trabalho imagético em Portugal. Normalmente, a fotógrafa traz para o Brasil e para o Rio Grande do Sul as imagens lusitanas, de acordo com seus objetos de pesquisa daquele momento. Agora ela inverte a rota e propõe conduzir a tradição doceira pelotense para além do Estado, atravessando o oceano Atlântico e desembarcando na Europa.
Dessa forma ela inicia o projeto Tráfego cultural em “Ouro branco” na terra natal. “Agora é a vez de trazer esse material todo pra cá pra comemorar os 100 anos da comunidade portuguesa, do centenário do Centro Português 1º de Dezembro”.
Propostas para a comunidade
A partir da temática doceira que liga as culturas portuguesa e pelotense, Simone quer estimular ambas essas comunidades a enxergarem suas profundas relações. “Se perceberem como participantes num processo tão antigo, tão afetivo, que liga duas comunidades que já se sentem irmãs, por diversos motivos”, comenta.
O ponto de partida das três fases do projeto é Pelotas. A primeira é esta exposição, a segunda envolve as oficinas e workshops, nos quais a fotógrafa pretende aproximar quem participa do fazer doceiro, com atividades artísticas como pintura e modelagem.
Simone diz que suas mostras sempre vêm com outras ações, como instalações artísticas, eventos paralelos, treinamentos, palestras e workshops para que haja uma interação com a comunidade. “A partir da segunda fase elas vão ganhando outros interesses nos workshops. E, enquanto nós deixamos a “Ouro branco” circulando por aí, começamos a trazer a partir de novembro e dezembro deste ano, outras exposições que fazem ainda esta ligação com Portugal”, antecipa. A intenção da artista é envolver a comunidade escolar nessas atividades, para isso ela está em tratativas com a prefeitura de Pelotas.
Caráter científico
Há mais de 30 anos, a fotógrafa atua como produtora nas áreas de arte, cultura, entretenimento e turismo. A fotografia veio depois e o que era um hobby se tornou uma ferramenta de trabalho. “De cinco anos para cá, eu criei um link com a fotógrafia, quando comecei as pesquisas antropológicas e visuais”, relembra a antropóloga visual formada pela Universidade Nova de Lisboa.
“A fotografia passou a ter um caráter também mais científico ainda. A fotografia me dava um mundo. Porque, a partir da imagem, eu posso sensibilizar sobre a cultura e a tradição, falar de turismo e, com tudo isso, do desenvolvimento”, avalia.
PRESTIGIE
- O quê: exposição Tráfego cultural em “Ouro branco”, da fotógrafa Simone Bilhalva
- Onde: Museu do Doce da UFPel, praça Coronel Pedro Osório, 8
- Visitação: de terça-feira a sábado, das 13h às 18h