Muito mais que uma feira cultural e gastronômica

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Muito mais que uma feira cultural e gastronômica

A Fenadoce se tornou mais um agente de fortalecimento da economia de Pelotas, além de ajudar na projeção da cidade no cenário turístico nacional

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Muito mais que uma feira cultural e gastronômica
Festa está no calendário anual do Rio Grande do Sul. (Foto: Jô Folha)

A Feira Nacional do Doce é um dos eventos mais tradicionais e relevantes da cidade de Pelotas. Demonstrando a sua força, a Fenadoce está no calendário de festividades do Rio Grande do Sul. Realizada anualmente, ela celebra a rica tradição doceira da região, especialmente os doces típicos de origem portuguesa e, há alguns anos, certificados com selo de origem, e tem se consolidado como um dos principais motores do desenvolvimento econômico local.

Um dos aspectos mais evidentes da importância da Fenadoce é o impulso que ela proporciona ao setor turístico. Durante os dias do evento, Pelotas recebe milhares de visitantes de diversas regiões do Brasil, o que movimenta significativamente a rede hoteleira, os restaurantes, o comércio e os serviços. Esse aumento na circulação de pessoas gera empregos temporários e fomenta a economia informal, beneficiando diretamente a população local.

Além disso, a feira é uma vitrine para os produtores de doces e artesãos da região, sem falar nas empresas de fora de Pelotas, que buscam essa mesma visibilidade nos pavilhões do Centro de Eventos. Ao oferecer um espaço para a comercialização direta com o público, a Fenadoce valoriza os pequenos empreendedores, promove o fortalecimento da economia criativa e estimula o empreendedorismo. Muitos produtores locais conseguem, através da feira, ampliar sua clientela, fechar negócios e até expandir sua atuação para outros mercados.

Outro ponto importante é o incentivo à cultura e à preservação do patrimônio imaterial de Pelotas. A tradição doceira, reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil, é divulgada e valorizada durante o evento, fortalecendo a identidade cultural da cidade e, consequentemente, contribuindo para o turismo voltado a esta área, uma vocação natural do município. O que também se mostra como uma alternativa de desenvolvimento sustentável.

Movimento antes e depois

Para o conselheiro gestor da Câmara de Dirigentes Lojistas de Pelotas (CDL), realizadora do evento, Daniela Centeno, também membro da comissão organizadora da Feira, a contribuição da Fenadoce para o desenvolvimento econômico da cidade vai além da sua realização.

Para além da movimentação relacionada diretamente com a Feira, o conselheiro gestor percebe que o entorno da Fenadoce também está trabalhando. “A gente tem muito freteiro trabalhando para que a Feira aconteça. Os hotéis estão lotados. Os bares e restaurantes agora começam. A gente tem uma recepção muito grande de turistas na região”, diz.

De outras localidades

Pelos anos de experiência com a Fenadoce, Centeno vê esse impacto alcançar outras cidades da Zona Sul, além de Pelotas. “Eu converso com vários turistas e muitos querem saber a distância para Jaguarão, a distância para a fronteira, o que ele pode fazer aqui, quanto tempo demora para ir para o Cassino. Então, isso é para a gente entender que o impacto da Fenadoce é gigante na região sul. E tirando isso, um grande impacto que eu percebo para o nível de comércio é que a Fenadoce é a grande vitrine de Pelotas para fora de Pelotas. Para fora do Rio Grande do Sul e até para fora do Brasil porque a gente recebe muitos turistas do Uruguai”, diz.

Além do Uruguai, a Feira mais doce de Pelotas já atraiu visitantes da Argentina e outros países. “Do Uruguai a gente tem a percepção que a cada ano vem uma crescente de mais turistas”, conta Centeno. “Vem muita gente, centro do Estado, capital, Região Metropolitana. Também de Santa Catarina, Paraná, Brasília e São Paulo. Eu peguei essa semana uma excursão de Brasília”, conta.
Centeno também avalia que a ligação aérea de Pelotas com São Paulo facilita essa aproximação com outros estados, mas que para o evento ter esse afluxo de turistas de grandes distâncias é preciso fazer mais. “O nosso papel como CDL, é divulgar cada vez mais a marca Fenadoce, Pelotas Capital Nacional do Doce, para fora do Rio Grande do Sul. A Fenadoce é uma feira que não é mais só de Pelotas, é uma feira do Estado. Nós temos que aproveitar e vender isso aí para fora do Rio Grande do Sul”, comenta o conselheiro.

Turismo de lazer é incremento

O presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Pelotas, Marcelo Curi Hallal, comenta que o principal filão turístico do município ainda é o de negócios. “O turismo de negócios é que movimenta a nossa região, a parte tanto de eventos, gastronomia, hotelaria, ela tem um fluxo bem mais intenso durante a semana”, explica. Com a Fenadoce, a rede hoteleira, que abriga os visitantes de segunda a sexta-feira, tem um incremento também no “turista de negócios” que vem em função da própria Feira.

“Tem muita gente que acaba não só vindo visitar, mas também fazer negócios durante a Feira, ou trabalhar em serviços da Feira, trabalhar em parceiros de empresas que vêm durante a feira. Então, na verdade, o turismo de negócios é fomentado durante a Feira. A gente tem um crescimento dele durante a semana nisso e ele permanece a parte mais forte da hotelaria”, avalia Curi.

O empresário conta que as reservas na rede hoteleira costumam ser antecipadas, mas essa busca se intensifica mais quando vai chegando a Fenadoce. “De forma bastante antecipada, você tem os grupos, excursões, que já estão com produto vendido pelas agências, mas as reservas individuais, particulares, que a gente chama, elas tendem a ser mais próximas da Feira”, comenta.

Os registros comunicam que em torno de dez dias antes da Fenadoce a procura se intensifica. Tanto é que, como exemplo, no hotel de Marcelo Curi, na manhã de sexta-feira as disponibilidades de acomodações estavam praticamente esgotadas.

Perceber a importância de receber bem

“É o momento de explorar os potenciais que a cidade tem, sejam eles no ambiente próprio da Feira, com a exposição dos produtos dos nossos empreendedores locais, da região, como é momento que os visitantes podem contemplar a Feira, mas podem conhecer a cidade como um todo. A Feira é uma vitrine para a cidade”, diz o secretário Municipal de Turismo, Danilo Rodrigues.

Segundo Rodrigues, a Secretaria tem atuado, junto com o CDL, para auxiliar no acesso à Fenadoce. Os diálogos também ajudam a compreender que tipo de equipamentos e que condições a cidade precisa ter para bem receber os turistas. “É de suma importância que as pessoas se sintam agraciadas ao chegar em Pelotas e os pelotenses consigam entender a importância desse tipo de movimento para o desenvolvimento da nossa região“, fala Rodrigues.

O secretário de Turismo comenta que é possível analisar os gráficos das estradas pedagiadas, principalmente. Segundo Rodrigues, eles mostram que de fato há um aumento do fluxo de veículos durante o período da Feira. “Tem um fluxo muito maior de pessoas na cidade e nós temos um potencial comercial que é muito forte. Cabe a união de esforços entre poder público, a iniciativa privada e o terceiro setor, potencializar essas condições que já temos”, argumenta o secretário.

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