Filha de Aldo Locatelli revê obra do artista em Pelotas

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Filha de Aldo Locatelli revê obra do artista em Pelotas

Cristiana Locatelli nasceu em Pelotas, mas está há mais de 40 anos morando fora do Rio Grande do Sul

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Filha de Aldo Locatelli revê obra do artista em Pelotas
Cristiana teve contato com as principais obras do pai. (Foto: Ana Cláudia Dias)

“Eu vim em busca de um resgate. Porque eu conheço o pai. Quero conhecer o artista que outros conheceram, quem conviveu com ele, que sabiam o que ele sentia quando pintava. É isso que eu quero”, explica Cristiana Locatelli, 73, filha do pintor italiano Aldo Locatelli, responsável, entre outras obras, pelos afrescos da Catedral Metropolitana São Francisco de Paula. A advogada e funcionária pública aposentada está em visita a Pelotas, desde esta segunda-feira (19), conhecendo a obra que o artista deixou no município.

Cristiana nasceu em Pelotas, mas a família se mudou para Porto Alegre em 1954, três anos depois de Locatelli finalizar a obra na Catedral. Moradora desde a década de 1970 em Rio Branco, no Acre, a advogada não vinha ao Sul há mais de 20 anos.

A viagem de volta ao Sul começou a convite da arquiteta Carolina Kreling, que projetou um ambiente da Casa Cor RS, na capital, que tem uma pintura em grandes dimensões do artista italiano. Em Porto Alegre, Cristiana visitou o Palácio Piratini e foi recebida pelo governador Eduardo Leite (PSD).

Com o governador ela pôde conhecer detalhes dos murais pintados pelo artista, a partir do uso da ferramenta do Google Arts & Culture. Ainda fez uma visita mediada pela historiadora Luciana de Oliveira, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS), que pesquisa a obra de Locatelli, especialmente no Piratini.

Catedral e Malg

Em Pelotas ela esteve na Catedral, na manhã de segunda-feira. À tarde, a visita foi ao Museu da Arte Leopoldo Gotuzzo, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Cristiana foi recebida por professores do Centro de Artes e técnicos do Malg.

O Museu tem no acervo cinco obras de Locatelli, quatro delas são os estudos das pinturas sacras e uma é um retrato. Cristiana se emocionou ao ver as obras e adorou conhecer o retrato, pintado por Leopoldo Gotuzzo, de Marina de Moraes Pires, que foi fundadora da Escola de Belas Artes.

Marina Pires foi fundadora, em 1949, da Escola de Belas Artes. Na época, Locatelli foi convidado a integrar o corpo docente da entidade. Neste mesmo ano ele começou a pintura da Catedral, que ele finalizou em 1951.

Cristiana avalia que, a partir deste retorno ao Sul, tem conseguido entender melhor o pintor, com quem conviveu por apenas nove anos. Locatelli morreu de câncer no pulmão, em 1962, aos 47 anos, doença originada da inalação da tinta a óleo que ele usava nas pinturas, conta a filha. “O pai era um estudioso, ele não pintava um tema sem dissecar aquele tema. Eu fico impactada em ver como ele, por exemplo, estava pintando a Catedral de Pelotas, mas ao mesmo tempo estava estudando a São Pelegrino em Caxias do Sul e também estudava a história do Rio Grande do Sul, porque ele estava pintando o Palácio Piratini. Ele terminou aqui e foi pra lá”, comenta.

Cristiana diz que a riqueza de detalhes das pinturas de Locatelli se originam desta vontade incansável de pesquisar e aprender sobre o que ele estava reproduzindo. O que mais me encanta é essa genialidade dele, de estar com três obras totalmente distintas e conseguir dominar as três”, fala.

Além do grande artista, que Cristina está reconhecendo, a advogada confirma a imagem que ela tinha do pai, a partir dos relatos e dos livros sobre ele. “Ele era criativo e alegre, adorava conviver com os alunos, adorava viajar e o Grêmio. Ele era um bon vivant”, conta. Depois de Porto Alegre, Caxias do Sul e Pelotas, a advogada parte hoje para Santa Maria.

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