Após a confirmação de um caso de um caso de raiva bovina em Pinheiro Machado, na divisa com o município de Piratini, produtores da região foram em busca da prevenção e o estoque de vacinas zerou nas agropecuárias. Um novo lote deve chegar nesta terça-feira (20), mas novas doses já estão encomendadas. De acordo com as inspetorias veterinárias dos dois municípios, a expectativa é pelo resultado do exame de amostra encaminhado ao Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF). Até o momento não há notificação de outro caso.
O médico veterinário e inspetor da vigilância sanitária de Piratini, Luciano Lopes, diz que a prefeitura aguarda pelo resultado da terceira amostra de bovino que foi enviada ao Laboratório para se ter o diagnóstico. No município, os agentes monitoram as furnas (abrigos para morcegos) já cadastradas e estão à procura de novas em torno de onde está ocorrendo a morte dos animais. A cidade teve dois casos confirmados, um em março e outro em maio.
A raiva bovina é uma doença infecciosa viral aguda grave, que pode afetar animais e humanos. Sua letalidade é de aproximadamente 100% e o principal vetor é o morcego hematófago que causa lesões no couro. Ela é transmitida aos humanos pela saliva de bovinos infectados.
Vigilância ativa
O inspetor e médico veterinário de Pinheiro Machado, Diego Azeredo, comemora a resposta rápida dos produtores da localidade que estão realizando a vacinação preventiva dos seus animais. “É o principal e o mais importante a fazer no momento”, garante.
Ele explica que o município é uma área de refúgio de morcegos em função dos bueiros que ficaram da construção dos trilhos da ferrovia, tem cavernas e muitas pedras. “Quando teve um episódio mais crítico de raiva bovina, há cerca de cinco anos, resolvemos cadastrar essas furnas e fazer vigilância ativa. Mas de vez em quando aparece uma nova colônia e chamamos a equipe que faz a captura e o controle”, explica o médico veterinário. A demanda por vacinas é habitual, porém se intensificou pelo alerta feito a quem tem área perto do foco e das furnas.
Informação como combate
A Extensionista Médica Veterinária da Emater em Piratini, Marina Sinott, gravou um vídeo e reproduziu nas redes e grupos de produtores e pessoas da pecuária familiar, explicando sobre a doença, os sintomas e qual a conduta mais correta. “A raiva, uma vez que se inicia sinais clínicos, não existe tratamento, por ser uma doença sem cura de curso, bem rápido e de difícil identificação. Só o diagnóstico confirmatório, mediante exames. Morrem muitos animais e a gente não fica sabendo do que morreu”, lamenta. Devido à alteração comportamental, os produtores atribuem a uma tristeza parasitária.
A vantagem é que mesmo com o vírus inoculado é possível aplicar a dose, pois mesmo levando 28 dias para fazer efeito, a única doença que o vírus é o patógeno dentro do corpo, funciona com a imunização. “É importante que o proprietário conheça a área para fazer a identificação das furnas, dos ninhos dos morcegos e avisar a Inspetoria veterinária”, orienta. Até mesmo os animais domésticos precisam ser vacinados. “Pelo protocolo vacinal correto dos animais, a partir dos três a quatro meses eles recebem a primeira dose e 28 dias depois é repetida. O reforço é anual”, comenta.