Aumento de abigeatos é registrado em Herval

Furto de gado

Aumento de abigeatos é registrado em Herval

Em uma semana, 24 animais foram levados de duas propriedades e produtores pedem reforço no policiamento

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Aumento de abigeatos é registrado em Herval
Produtores oferecem recompensas para encontrar animais em Herval. (Foto: divulgação)

Um pedido de mais atenção para a segurança rural em Herval. Vítimas reclamam que o crime de abigeato é recorrente e clamam para que demais produtores registrem boletim de ocorrência. Pelos dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) de janeiro a abril foram três registros, o que não reflete a realidade, segundo as vítimas, que garantem ao menos o furto de 24 animais em uma semana.

Um protocolo com solicitação de reforço no efetivo foi enviado à Brigada Militar. Já a Polícia Civil precisa de números para elaborar ações estratégicas.

Na localidade da Costa do Arroio Grande, foram 13 vacas e uma terneira levadas da propriedade no início do mês. Pela instabilidade de sinal e pela distância até a delegacia – quase na divisa com Uruguai pelo Paço do Centurião -, a ocorrência policial foi registrada uma semana depois.

Nela, a vítima conta que deu por falta dos animais e, que procuraram nas redondezas. “Desta vez não deixaram rastro”, diz o familiar do proprietário da área rural, que prefere não se identificar. Ele conta que o dono tem mais de 80 anos, sempre trabalhou no campo, e não é a primeira vez que é alvo de bandidos. “Ele está desesperado e decepcionado”.

Pela relevância, conhecidos foram para as redes sociais divulgar o fato, e ainda oferecer recompensa. “Vá que alguém reconheça a marca ou o sinal do animal”, diz esperançoso.
Com idade avançada, o casal estava passando a criação para os filhos, e agora estão mais motivados a isso pela insegurança no campo.

As vítimas contam que uma das vantagens dos criminosos é a proximidade das propriedades com a fronteira, cerca de 50 quilômetros, pelo Passo do Centurião. Se por um lado facilita a rota de fuga para os bandidos, para a polícia dificulta as diligências.

“O meu pai foi vítima também. Semana passada levaram 11 ovelhas da propriedade e a gente se sente impotente diante da situação”, desabafa. A última investida, segundo o familiar, foi a mais difícil. “Quebraram o bico da porteira e ainda trocaram o cadeado”, comenta.

Reforço no policiamento

O vereador Lucas Vieira Silveira, do União Brasil, que também é produtor rural, diz que é urgente garantir mais proteção para quem vive e trabalha no campo. O parlamentar encaminhou um ofício ao Comando Regional de Polícia Ostensiva Sul (CRPO-Sul), em Pelotas, solicitando o envio de reforço policial para o município, sendo que a resposta foi positiva para a demanda.

O vereador ainda apresentou a Proposição 36/2025 em que solicita ao Executivo maior cobrança e firmeza de ações imediatas do governo do Estado e da própria Brigada Militar. Lucas Silveira propôs iniciativas como o cercamento eletrônico nas áreas rurais, e está buscando alternativas e recursos para tirar esse projeto do papel. “Vamos convidar o comando da BM, a Promotoria, o Poder Público”, adianta o vereador que entre o ano passado e este já teve 22 ovelhas furtadas.

Medidas

O diretor da Divisão de Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato (Dicrab), delegado Heleno dos Santos, explica que a questão da proximidade com a fronteira sempre dificulta as ações da polícia. “Ainda mais quando se trata de fronteira seca, como o Uruguai, pois não tem obstáculo artificial e nem natural o que facilita a travessia dos criminosos com gado que é furtado do Rio Grande do Sul.”

A autoridade diz ainda que os protocolos de entrada de polícia num país estrangeiro não são simples. Um dos requisitos é acionar a polícia e assim, fazer algum tipo de trabalho investigativo dentro das suas leis. Uma vez localizado os animais, é preciso levar em conta as questões sanitárias, o que torna o processo moroso e desgastante.

Mesmo assim, o delegado ressalta sobre a importância do registro policial, mesmo que se tenha o mínimo de informação, pois o Estado trabalha com mecanismo de gestão semelhante ao setor privado, com demandas e números. “Se não temos registros, como determinar ações”, pondera ao admitir a desproporção entre os recursos da polícia civil (efetivo e viaturas) e a área de cobertura da Decrab Camaquã que atende toda a Costa Doce.

“Por isso, trabalhamos com planejamento para deslocar equipes e esse planejamento é feito com base nas ocorrências que hoje podem ser feitas de casa para a Delegacia Online do Agro”, garante.

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