Nesta quarta-feira completam dez anos do desaparecimento da professora Cláudia Hartleben. Dez anos de uma ferida aberta na comunidade pelotense. Mesmo quem não conhecia Cláudia, solidariza-se e sofre com a dor da mãe, Dona Zilá, que vive aguardando uma notícia que dê fechamento ao seu sofrimento. O mesmo sentem os amigos. A falta de respostas é o que traz mais angústia às pessoas próximas e a quem acompanha o caso com empatia e preocupação.
O assunto é um daqueles que tornaram-se corriqueiros nas conversas em Pelotas, sempre com a mesma conclusão: como pode existir um crime perfeito? Entre desconfianças, teorias e cobranças, a falta de um indicativo de solução, de teorias sólidas e de indiciamentos machuca toda uma cidade, uma comunidade acadêmica universitária, que lamentam a agonia que a dúvida traz. Ninguém, nem mesmo a mãe, tem a esperança de um milagre que faça Cláudia aparecer viva. Mas todos ainda nutrem um fio de fé de uma resposta que faça o caso ter ao menos um encerramento digno e honrado à memória de Cláudia e de quem a amava.
É de se lamentar o silêncio de autoridades para falar dos dez anos do crime. A leitura é que há um pouco de sensação de impotência e até vergonha pela falta de solução. A Polícia Civil não considera o caso encerrado, mas não tem há anos qualquer atualização e a cada dia que passa, a esperança fica menor. Se para os leigos tudo soa amarrado e confuso, imagina-se que para quem acompanhou o caso e não conseguiu dar uma solução, há também um lamento. Não são culpados, jamais, mas o fato de não terem conseguido atender o clamor da comunidade por respostas certamente frustra os envolvidos.
A todos, resta torcer pela esperança de em algum momento, haver um milagre – e a palavra é essa – que ajude a desvendar um dos grandes mistérios da história de nossa cidade. Todos merecem uma conclusão. Cláudia, por sua memória. Dona Zilá e os amigos, pelo sofrimento. As autoridades, pelo esforço empreendido. E até o, ou os, responsáveis, que devem pagar por tudo e esclarecer o que, de fato, aconteceu naquela noite de 9 de abril de 2015.