Polícia Civil tem delegados em apenas seis das 23 cidades da Zona Sul

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Polícia Civil tem delegados em apenas seis das 23 cidades da Zona Sul

Entre os municípios, três sequer possuem delegacias; dados evidenciam o déficit na segurança pública da região

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Polícia Civil tem delegados em apenas seis das 23 cidades da Zona Sul
Canguçu é a única cidade que tem indicativo de receber um novo delegado titular nos próximos meses. (Foto: Jô Folha)

Apenas seis das 23 cidades da região Sul possuem delegados da Polícia Civil, conforme dados fornecidos pela Associação dos Delegados de Polícia (Asdep-RS). Ao todo, são 27 profissionais, concentrados em Jaguarão, Pelotas, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e São Lourenço do Sul.

O destaque está em Pelotas e Rio Grande, que possuem 13 e dez delegados, respectivamente, enquanto os demais municípios da lista possuem apenas um. A ausência do profissional tem um impacto direto na segurança da população, aumentando o tempo para solução de investigações criminais, entre outros atendimentos especializados.

Dados gerais

Além da falta de delegados, a região Sul também possui um déficit total de agentes. Ao todo, os 23 municípios possuem 352 profissionais, concentrados majoritariamente em Pelotas (153) e Rio Grande (112).

Efetivo pequeno

Entre os demais municípios, 13 deles possuem até cinco profissionais, que devem fazer de tudo um pouco: atendimento, investigações e, quando necessário, prisões. Os casos mais graves estão em Aceguá e Amaral Ferrador, que possuem os chamados “exércitos de um homem só”, com apenas um servidor, situação que também ocorre em outras 78 cidades gaúchas.

Candiota, Chuí, Herval, Morro Redondo, Pinheiro Machado e Santana da Boa Vista contam com dois agentes, enquanto Arroio do Padre, Pedras Altas e Turuçu sequer possuem delegacias.

Apoio das regionais

Cada cidade faz parte de uma delegacia regional que serve de apoio em caso de investigações e operações. No caso de São José do Norte, são seis profissionais, nenhum deles delegado. Desta forma, a 7ª Delegacia Regional, com sede em Rio Grande, fornece parte do seu efetivo em situações específicas.

Da mesma forma acontece com os delegados e agentes da 18ª Delegacia Regional, em Pelotas, que servem de apoio para os municípios do entorno. “Nosso apoio se dá a partir da demanda necessária. A partir do momento que alguém de alguma delegacia precisa de apoio são feitos os contatos, por meio dos canais apropriados, e a gente empresta e apoia naquilo que for necessário. Normalmente isso não é com cedência de pessoal, mas com apoio específico e pontual para determinado tipo de ação ou de necessidades”, explica o titular, delegado Márcio Steffens.

Para manter a segurança nos municípios com pouco efetivo da Polícia Civil, além do apoio do próprio órgão, também é necessário o auxílio da Brigada Militar, que realiza as ações ostensivas, e da Guarda Municipal.

Aumento da evasão policial

Outro fator preocupante na segurança pública gaúcha está nos altos índices de evasão policial. Conforme dados do Sindicato dos Agentes de Polícia do RS (UGEIRM), desde 2023, mais de 130 policiais já pediram exoneração do cargo, em uma média de cinco saídas por mês.

Fabio Castro, vice-presidente do Sindicato, relata que grande parte das saídas tem relação com a desvalorização dos profissionais. A reposição nessa área é demorada e custosa. Um policial aprovado em um concurso público necessita de tempo para ser treinado e formado, até estar apto para exercer a sua função. Isso custa tempo e dinheiro. A não valorização dos policiais é uma economia imediata que terá um custo muito alto no futuro”, pondera.

Conforme o delegado Guilherme Wondraceck, presidente da Asdep, “hoje, nós [Polícia Civil] temos menos efetivo que em 1980”. Para ele, seria necessário um aumento de 50% no número atual de policiais no Estado. Apesar disso, ele garante que apenas a contratação de novos profissionais não é suficiente.

“A maior parte dos policiais sai [da Polícia Civil] porque sabe que não tem valorização. Hoje o pessoal sai da nossa polícia e vai tentar a sorte na polícia de outros estados ou em outras carreiras, porque são melhor remunerados”, relata Wondraceck.

Novos delegados a caminho

Na próxima sexta-feira, uma nova turma de 19 delegados concluirá o curso de formação da Polícia Civil e será designada para suas respectivas lotações. A expectativa é de que pelo menos alguns desses profissionais sejam enviados para a região Sul. Até o momento, há a confirmação de que um será encaminhado para Canguçu, cidade que atualmente opera sem esse profissional.

Concurso

Além do efetivo prestes a concluir o curso, também está previsto um novo concurso para a Polícia Civil gaúcha. Ao todo, serão 750 vagas abertas para delegado (30), escrivão (360) e inspetor (360). A publicação do edital deve acontecer ainda no primeiro semestre.

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