Pinheiro Machado e Santana da Boa Vista estão em processo para decretar situação de emergência devido à estiagem que atinge a região Sul do Estado. A informação foi confirmada pelo coordenador da Comissão de Agricultura da Azonasul, Danilo Leite, após consulta a secretários municipais. A situação se agrava após Canguçu, São Lourenço do Sul e Herval já terem decretado emergência, com os dois primeiros reconhecidos pela União.
Sobre os impactos da seca, Leite enfatiza que as perdas são irrecuperáveis. “Quem tem perda já, não recupera”, afirma. As culturas mais afetadas são soja e milho, sendo que este último preocupa ainda mais por impactar diretamente a alimentação animal, com reflexos na pecuária regional. O coordenador destaca que as precipitações previstas para os próximos dias podem amenizar a falta d’água, mas não revertem os danos já causados às lavouras.
O Informativo de Estiagem do governo estadual, divulgado na última segunda-feira, mostra que a bacia Mirim-São Gonçalo se encontra em um nível seguro. Já na bacia do Camaquã é observado o limiar de atenção. Para a próxima semana, a previsão é que a região mantenha as condições de limiares baixos.
Pinheiro Machado prepara decreto
A secretária de Agricultura, Agropecuária e Meio Ambiente de Pinheiro Machado, Elizete Baldez, confirma que o município está em fase final de elaboração do laudo técnico para decretar situação de emergência devido à estiagem. Entre os critérios para o decreto, estão as perdas na produção de milho (cultura mais afetada) e a escassez hídrica em vertentes que abastecem propriedades rurais. “Assim que a Emater apresentar o laudo técnico, teremos a dimensão exata das perdas”, declara a secretária.
No município, os principais impactos envolvem o abastecimento humano, a pecuária e a agricultura. Localidades como Torrinhas enfrentam falta de água potável. A prefeitura está transportando água da cidade para reservatórios rurais. Além disso, todo o município sofre com a falta de água para animais. Bebedouros estão sendo limpos com máquinas contratadas pela prefeitura.
Crise hídrica em Santana da Boa Vista
Santana da Boa Vista também está em vias de decretar emergência devido aos impactos da estiagem. O secretário municipal de Desenvolvimento, Agricultura e Meio Ambiente, Thiago Freitas, revela que o abastecimento de água se tornou o principal desafio. Chuvas recentes foram irregulares e insuficientes para recarregar as fontes hídricas, e já foram distribuídos 310 mil litros de água para 80 famílias por caminhões-pipa. A prefeitura criou um cadastro emergencial de famílias com dificuldades de acesso à água. “O que está pegando em Santana é a situação da água para beber”, diz.
Conforme o secretário, as lavouras do município registram perdas de 20% nas culturas de milho e soja. No geral, a pecuária ainda não foi tão afetada, mas pequenos produtores de uma região específica do município estão sendo obrigados a vender animais devido à falta de água e pastagens. A prefeitura aguarda a finalização dos laudos técnicos para formalizar o decreto de emergência, enquanto mantém as ações emergenciais de abastecimento hídrico.
Cidades com decreto
Até o momento, a prefeitura de Herval calcula um prejuízo total de R$ 47 milhões, concentrado nas lavouras. Em São Lourenço do Sul, o cálculo está em R$ 155 milhões. A primeira cidade a emitir o decreto foi Canguçu, que calcula perdas de R$ 89,9 milhões.
Prognóstico meteorológico
A semana começa com instabilidades isoladas na metade Norte do RS, se espalhando pelo Estado nos dias seguintes. No sábado (29), o tempo ficará estável devido à atuação de um sistema de alta pressão. Entre domingo (30) e segunda-feira (31), o avanço de uma frente fria associada a um sistema de baixa pressão causará instabilidades em todo o território gaúcho. Os acumulados de precipitação previstos podem variar entre 40 e 120 mm. As temperaturas máximas não devem se elevar tanto e as médias variam entre 20 e 30°C.