O 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, divulgado esta semana, aponta para uma nova realidade no mundo do crime que vem crescendo a cada ano e sem limite para a criatividade: o estelionato. Pela primeira vez, esse tipo de indicador entra em evidência nas páginas da Segurança em Números. Um dado relevante no país foi a redução das mortes violentas intencionais. O que não muda, mesmo com todo o trabalho das redes de proteção às mulheres, são as vítimas da violência doméstica. Nos três tipos de crimes, Pelotas vai na contramão dos dados nacionais. Já Rio Grande segue a tendência da redução dos homicídios.
Na relação dos crimes que apresentaram redução estão mortes violentas intencionais com queda de 3,4%, no Brasil. Cenário que se repetiu em Rio Grande com uma redução significativa de 102 crimes para 47 (em 2023). Ao contrário de Pelotas, que em 2022 teve 25 crimes violentos letais intencionais (CVLI) e passou para 35 no ano passado. Este ano, com a morte a facadas na noite de quinta-feira de Reginaldo Reis dos Santos, 51, o total de mortes – em seis meses e meio – se aproxima de todo 2022, ou seja 23 crimes violentos contra a vida.
Crime mais recente
Neste último homicídio, o corpo da vítima foi encontrado dentro de casa, na rua Doutor Miguel Souza Soares, no bairro Fragata. De acordo com o boletim de ocorrência, após várias tentativas de contato da mãe com a vítima, o padrasto foi até o local e encontrou Santos caído, com vários ferimentos perfurantes. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e o médico atestou o óbito. A Brigada Militar, após conversar com a família, constatou que a caminhonete, GM/S10, a carteira e o aparelho celular não foram localizados, e por isso, o caso está sendo tratado como homicídio (o 21º do ano) seguido de furto. O Instituto Médico Legal (IML) foi chamado para o trabalho de perícia.
Encontro de ossada
A Delegacia de Polícia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DPHPP) também investiga uma ocorrência na qual foi encontrada uma ossada, na BR-392, na Cascata. Populares apontaram como vítima o idoso H.S.R, 78, mas a identidade não foi confirmada. A Polícia Civil e o IML foram chamados e constataram que ao lado do corpo havia um óculos, R$ 400 e um isqueiro. A vítima havia desaparecido em maio e o local onde a ossada foi encontrada fica no caminho da casa do idoso. Será preciso realizar uma análise DNA para confirmar a identidade, processo que será feito pelo Instituto Geral de Perícias (IGP).
Em alta no Brasil, em queda na Zona Sul
O que pela primeira vez entra em evidência no Anuário de Segurança Pública são os casos de estelionatos. Em Pelotas, por exemplo, diariamente há ocorrências registradas, com casos de fraudes pela Internet. Na sexta-feira (19), por exemplo, foram 12 registros. Um deles, um golpista, se fez passar pela filha da vítima e solicitou o pagamento de uma fatura no valor de R$ 500. No segundo pedido, um familiar desconfiou e percebeu o golpe. Mesmo com o número alto de boletins, esse tipo de crime reduziu tanto em Pelotas (25,71%) e Rio Grande (32,45%), nos últimos dois anos. No Brasil, esse indicador teve alta de 8,2% nesse mesmo período, chegando a 1.965.353 ocorrências.
Violência contra mulher
Os dados de 2023 comprovam que as mulheres são alvos de violência de gênero. Os feminicídios no Brasil aumentaram 0,8%, com 1.467 vítimas, sendo quatro delas eram de Pelotas, e duas de Rio Grande. Para proteger as vítimas, a justiça concedeu 540.255 medidas protetivas de urgência, 81,4% das solicitadas.
Outro crime que figurou no levantamento do anuário foi o estupro, com um aumento de 6,5%, ou seja 83.988 pessoas foram vítimas de estupro e de vulnerávies, em relação a 2022. As mulheres são a maioria das vítimas e os agressores estão, na maior parte das vezes, dentro de casa. A boa notícia é que em Pelotas e Rio Grande, esse tipo de violência reduziu de 71 para 66 casos (Pelotas) e de 39 para 32 registros (Rio Grande).
Segundo o coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques, o aumento das ocorrências pode estar relacionado tanto a um aumento dos crimes quanto ao aumento das denúncias e ocorrências policiais. “Por um lado, vários trabalhos estão tentando discutir a respeito do crescimento da própria violência, do fenômeno da violência, e por outro lado, também com variáveis que indicam também um maior nível de registro desse fenômeno acontecendo”. (Com informações da Agência Brasil)