O Clube do Choro de Pelotas cancelou a roda de choro, que ocorreria neste sábado pela manhã no Mercado Central. O motivo apontado são as constantes adversidades que o grupo de músicos têm enfrentado para manter a atividade mensal. A manifestação foi divulgada em carta aberta à comunidade na quinta-feira. Os músicos também solicitaram uma reunião com as Secretarias de Cultura e de Desenvolvimento, Turismo e Inovação, gestora do espaço, para compartilhar os dissabores e encontrar uma solução.
“Estas adversidades não vem do público e sim dos administradores do local, que frequentemente destratam os músicos e agem de forma preconceituosa com os mesmos. Um exemplo é a dificuldade de conseguir cadeiras e o ponto de luz para a instalação dos equipamentos de amplificação”, expõe o comunicado.
De acordo com os músicos, o pátio Avendano Jr. onde ocorrem as rodas é “constantemente alvo de diversas limitações”, por não permitir a apresentação de grupos maiores e por também estar sujeito às condições do clima. “Quando necessitamos de ocupar outros espaços surgem adversidades que extrapolam o papel dos gestores destes espaços”, alegam.
O comunicado ainda aponta avarias na cobertura do pátio, que permite a infiltração da água da chuva, impossibilitando o uso em dias mais chuvosos. E, segundo os músicos, “este espaço está sendo cada vez ocupado pelos comissários para atividades comerciais, com estruturas que ampliam a parte comercial dos bares”. Na apresentação mais recente, o grupo foi impedido pela Secult de tocar no único local coberto. Posteriormente, a atividade foi liberada pelo permissionário, o que na opinião do grupo demonstra “um conflito de gestão do espaço”.
Decisão gera surpresa
O secretário de Cultura, Paulo Pedrozo, diz que ficou surpreso com a decisão do Clube do Choro. Ele diz que vai chamar para o início da próxima semana os integrantes do grupo para uma reunião juntamente com um representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação (Sdeti), pasta responsável pela relação com os permissionários, e um representante Associação dos Permissionários para entender o que determinou a decisão.
Pedrozo diz que a Secult é parceira do Clube do Choro não apenas no Mercado Central, mas em outras atividades durante o ano e assegura que o Clube é uma instituição cultural reconhecida e valorizada pelo Município. Porém o secretário ressalta que há regras internas do estabelecimento e até do Corpo de Bombeiros que precisam ser respeitadas.
Há dez anos
O Clube do Choro de Pelotas foi criado em 2014, em homenagem ao compositor e cavaquinista pelotense Avendano Jr.. Nesses 10 anos de trajetória, as rodas de choro no Mercado se tornaram mensais. A mais recente ocorreu no dia 15 de junho.