Dois meses depois da tragédia climática no Rio Grande do Sul, o cenário continua de destruição no Pontal da Barra. Mesmo com a baixa da água, casas permanecem destruídas na comunidade de pescadores.
O Pontal da Barra localiza-se na confluência do Canal São Gonçalo com a Lagoa dos Patos e, por ser uma região de baixa altitude, é um dos pontos que mais sofrem com as enchentes em Pelotas.
Sem recursos depois de uma safra inexistente do camarão, muitos moradores ainda estão longe de casa. É o caso de Marilanda Fonseca, que está há 60 dias com uma amiga no bairro Areal.
“Situação bem difícil. Caíram minha casa e a minha peixaria. Perdi tudo. Não tenho previsão de quando voltar para casa, porque financeiramente não tenho condições de reconstruir”, relata. “Nunca tínhamos vivido essas enchentes em intervalo de três meses. Não deu safra de camarão neste ano, quem vive da pesca não conseguiu se reerguer”, completa.
Também pescadora, Yasmin Silva vive uma situação inédita na vida: a de ter que pagar aluguel. Com a enchente, a casa dela no Pontal também foi destruída. Ela relata que a dificuldade é a mesma de muitos dos vizinhos.
“A situação é bem complicada, vários moradores fora de casa se virando como podem. Não tivemos a ajuda necessária, estamos à espera dos auxílios, algumas pessoas ainda não receberam”, relata a pescadora. “Não está nada fácil pois nunca paguei aluguel e não tinha consciência de como seria no orçamento”, completa.
Ação do poder público
Nesta terça-feira, funcionários da prefeitura estiveram no Pontal da Barra para “avaliar os estragos”, segundo a pescadora. “Eles não dão uma resposta concreta para nós e agora vai saber quanto tempo vão demorar para ter uma solução”, desabafa Yasmin.
A prefeitura respondeu à reportagem por meio de nota, assinada pela secretária de Habitação e Regularização Fundiária, Cláudia Leite. “Seis equipes da pasta estiveram nesta terça-feira no Pontal da Barra para fazer o cadastro socioeconômico das famílias da localidade e um levantamento dos estragos que a enchente provocou. Os dados estão em processo de formatação e compilação.”