Com buzinaço, cartazes e adesivos com a expressão “Laranjal pede socorro”, centenas de veículos percorreram o Laranjal em carreata, na tarde deste domingo (14), em protesto por melhores condições de infraestrutura no bairro. De acordo com os moradores, a manifestação será apenas a primeira de várias caso as reivindicações não sejam atendidas pelo poder público. Dentre as demandas estão a construção de um dique reforçado, com no mínimo quatro metros de altura, revitalização das ruas e a destinação de recursos para investimentos na localidade.
A mobilização nasceu de um grupo de WhatsApp criado pelos moradores durante a enchente para a troca de informações sobre a situação de suas casas. Após o período crítico, o foco das discussões se tornou a reconstrução e a prevenção à novas enchentes.
Diante do temor de novas cheias, a reivindicação é por intervenções imediatas, principalmente no que se refere ao sistema de proteção e drenagem. “Desde a enchente nós não temos tido nenhum apoio a não ser a retirada de lixo das ruas. Mas sem a revitalização que as ruas necessitam”, declara a vice-presidente da Associação Comunitária do Laranjal (Asclar), Meri Padilha.
De acordo com a representante do bairro, a demanda é por um novo dique que tenha no mínimo quatro metros de altura, em referência a proteção necessária para conter a última cheia, quando o São Gonçalo alcançou 3,30 metros. “Principalmente o dique, que nós não temos. O que temos hoje é uma taipa, que serve para reter a água que vem do campo”, ressalta.
Ação por melhorias
Além do protesto organizado com o apoio da Asclar, a Associação Comunitária do Laranjal também moveu uma ação civil pública na Justiça em busca pela garantia de ações pelo poder público para a prevenção de enchentes. “É obrigação do município nos proteger das cheias. Não é sobre esta crise, dentro do século 21, ocorreram [cheias] em 2001, 2009, 2015, 2018 e 2023”, diz o advogado e morador, Claudio Amaral.
Busca por investimento
Em nota, a Prefeitura de Pelotas responde que um projeto desenvolvido pelo Sanep e cadastrado no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) contempla uma série de ações, como o fortalecimento de Casas de Bombas, aprofundamento dos principais canais de macrodrenagem e requalificação dos barramentos de contenção, assim como a construção de um novo dique a partir da casa de bombas da rua Nova Prata até a rua Arthur Augusto Assumpção. Os recursos, da ordem de R$ 26 milhões, devem ser angariados junto aos governos estadual e federal.
Requalificação de ruas
Quanto ao estado das ruas, a secretária de Serviços Urbanos e Infraestrutura, Lúcia Amaro, diz que o trabalho é feito de forma permanente na manutenção. Devido ao lençol freático alto (o que deixa o solo úmido por mais tempo) e acúmulo de buracos com água devido à frequência de chuvas, os serviços foram sendo gradativos conforme a possibilidade de cada via. Ela lembra que foi utilizado, como forma de otimização, um caminhão hidro e bomba para esvaziar mais rapidamente alguns buracos de proporção maior, e assim dar prosseguimento à manutenção com o emprego de motoniveladoras.