UFPel tem queda de 69% em inscritos para vagas de licenciatura
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira15 de Janeiro de 2025

Ensino

UFPel tem queda de 69% em inscritos para vagas de licenciatura

Desvalorização da profissão é vista como principal fator para o desinteresse pelo magistério; para atrair estudantes para a docência, governo Federal cria bolsa de R$ 1.050 por mês

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UFPel tem queda de 69% em inscritos para vagas de licenciatura
Ação de incentivo visa manter o aluno de licenciatura na área de atuação. (Foto: Jô Folha)

Em 2019, eram 6,9 mil estudantes inscritos em vagas de cursos de licenciatura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). No ano passado, o número era de 2,1 mil. Uma queda de 69% no interesse pela docência. O cenário é um reflexo da conjuntura nacional em que a falta de valorização da carreira do magistrado tem impactado na quantidade de professores nas salas de aula.

A cada ano a quantidade de inscritos para as licenciaturas na Universidade têm caído. Em relação a quantidade de vagas ofertadas e o percentual de taxa de ocupação, a diminuição foi de 26%. Há cinco anos, 90% das 991 vagas eram ocupadas, em 2024, essa taxa caiu para 64% de 931 vagas.

Para a diretora do Centro de Letras e Comunicação (CLC) e formadora de professores na UFPel, Vanessa Damasceno, esse quadro é resultado da falta de valorização salarial, de incentivos à carreira e da disponibilidade de concursos públicos. “Infelizmente, no Brasil, a profissão do professor não é valorizada, os jovens, eles não enxergam o ser professor no Brasil como uma perspectiva de futuro”, ressalta.

Incentivo financeiro

No último Enem, 19 mil alunos acima de 650 pontos escolheram fazer licenciatura. No entanto, apenas cinco mil se matricularam. Com a abertura do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2025, o governo Federal criou uma bolsa mensal de R$ 1.050 para incentivar o aumento do ingresso de estudantes em cursos de licenciatura.

Para a diretora do CLC, essa iniciativa é essencial para a manutenção da permanência dos estudantes na formação em licenciatura. “Esta ação visa fortalecer a carreira docente e oferecer o suporte financeiro a quem escolher seguir essa importante profissão”.

Vanessa lembra ainda que países desenvolvidos são precursores na criação de políticas públicas de permanência do estudante e valorização do magistério. “Países que valorizam a educação, que valorizam a profissão de ser professor, já têm essas políticas”.

Do valor de R$ 1.050 da bolsa, o aluno contemplado poderá sacar até R$ 700 por mês. Os outros R$ 350 ficarão depositados em uma poupança e poderão ser sacados após o professor recém-formado ingressar em uma rede pública de ensino e em até cinco anos após a conclusão do curso.

Tripé de ações

Além do incentivo financeiro, a professora Vanessa ressalta que são necessárias políticas públicas que englobam salários mais atraentes, valorização da carreira e do professor, bem como processos mais democráticos dentro das escolas para a formação pedagógica.

Neste sentido, também foi lançado o Bolsa Mais Professores, com apoio financeiro a docentes das redes públicas de ensino da educação básica para a atuação em locais com carência de profissionais.

Em medida similar ao Programa Mais Médicos, o participante receberá uma bolsa mensal no valor de R$ 2,1 mil, mais o salário do magistério, pago pela rede de ensino a qual está vinculado.

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