“O mais importante é a história que a gente conta no Museu da Baronesa”

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“O mais importante é a história que a gente conta no Museu da Baronesa”

Fabiane Rodrigues Loth, diretora do Museu da Baronesa

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“O mais importante é a história que a gente conta no Museu da Baronesa”
(Foto: Reprodução)

Diretora do Museu da Baronesa há seis anos, Fabiane Rodrigues Loth atua há 15 anos na instituição e acompanha de perto o processo de restauro do prédio histórico e do acervo. Ela fala sobre a reforma, o cuidado com as peças, a relação com a família da Baronesa, as doações da comunidade e os desafios para a reabertura do museu.

Qual é a tua missão hoje como diretora?
Eu trabalho há 15 anos no museu. Mas, a partir de 2019, assumi como diretora. Antes disso, entrei como bolsista, estagiária, e fui seguindo esse caminho. Quando a nossa diretora, Annelise Montoni, saiu, ela sugeriu o meu nome, que foi aceito ainda na gestão da prefeita Paula, e agora, com a gestão do Marroni, eu fui mantida.

O Museu participou recentemente do evento Viva o RS. Qual foi a importância dessa ação para a comunidade?
As pessoas puderam entrar apenas no salão de festas, infelizmente não no museu todo, mas já foi possível ter uma noção das mudanças. O salão mudou, teve modificações, e isso já despertou curiosidade. Foi importante mostrar que o museu está diferente, que já tem outra cara, mesmo ainda não estando totalmente pronto.

O público percebeu mudanças, especialmente nas cores das paredes. Por que essa escolha?
A casa passou por muitas transformações ao longo do tempo. Quando ela foi entregue à prefeitura, no fim da década de 1970, houve um restauro e, em 1982, o museu abriu. Depois disso, muita coisa mudou na transição da casa privada para o espaço público.

As paredes antes eram coloridas – sala rosa, azul, verde –, mas a escolha do branco foi uma decisão conjunta com a equipe da secretaria. O branco valoriza o acervo e facilita a manutenção. É muito mais fácil retocar uma parede branca do que mandar preparar uma cor específica.

Após tantos anos no museu, existe alguma peça ou espaço que ainda te emociona?
Para mim, é difícil escolher uma peça específica. O mais importante é a história que a gente conta ali dentro. Não são só objetos da Baronesa, da filha dela ou da neta. São histórias de todas as pessoas que viveram e trabalharam naquela casa. As mulheres, os homens, os trabalhadores que ajudaram a criar famílias enormes naquela época. Isso é fundamental. É nosso papel explicar que o museu conta a história da casa, das gerações, da família e também dos trabalhadores. Não é só sobre uma pessoa.

Sobre a cor rosa do museu: ela é original?
A gente tem contato com os herdeiros, netos, bisnetos e tataranetos da família. Eles nos disseram que a cor que estava antes não era a que eles lembravam. Então buscamos, com eles, a tonalidade mais próxima possível da época. As cores mudam com o tempo, antes podia ser cal, não as tintas que usamos hoje. Esse tom foi o mais fiel que conseguimos, com a aprovação da família.

Esse diálogo com a família ainda existe?
Sim, e é muito bonito. Eles visitam o parque, a casa, acompanham o processo. Não é uma questão de pedir permissão, mas de respeito. Eles doaram sete hectares em uma área privilegiada, com a cláusula de que fosse para uso da comunidade. Hoje o parque é usado, tem quadras esportivas, e em breve o museu estará de volta.

A comunidade continua fazendo doações para o museu?
Sim, até hoje. Chegam roupinhas de bebê, sapatinhos, malas, colarinhos, leques. Nosso escopo vai do final do século 19 até os anos 1930, e até a década de 1970 quando se trata da família. As pessoas trazem as peças acompanhadas das histórias, e isso é essencial. A doação precisa vir com contexto para que se possa contar depois.

Esse gesto representa um sentimento de pertencimento?
Eu acredito que sim. O museu é da comunidade. Em 2019, recebemos cerca de 19 mil visitantes, o que é muito significativo. As pessoas têm carinho pelo museu. Claro, também existe quem nunca entrou ou não concorda com o discurso, e é justamente aí que a equipe trabalha para incluir histórias que não foram contadas.

Por que a reabertura ainda não tem data definida?
Nós éramos uma equipe de 12 pessoas. Com o fechamento do museu, a pandemia e a troca de governo, a equipe foi reduzida. Hoje somos quatro pessoas para dar conta de tudo: exposição, administração, logística. Aos poucos, estamos conseguindo reforçar a equipe, mas é um processo.

Como está o restauro do acervo?
O restauro do prédio é uma coisa, o do acervo é outra. As peças não estragaram, mas perderam brilho. É necessário avaliar uma por uma, fazer laudos, verificar se é poeira, verniz, consolidação. Isso está sendo feito sala por sala. Ainda faltam cortinas, ambientação, a parte expográfica, mas tudo está sendo feito com muito cuidado.

 

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