Estimativa da Emater indica perda de 20% na safra do pêssego na região

Levantamento

Estimativa da Emater indica perda de 20% na safra do pêssego na região

Produtores relatam prejuízos, sobrecarga de indústrias e temor com as próximas safras

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Estimativa da Emater indica perda de 20% na safra do pêssego na região

Um levantamento da Emater/RS-Ascar aponta que a safra do pêssego de indústria na região teve redução estimada de 20% em relação à projeção inicial de 36 mil toneladas. Fatores climáticos, como calor e alta umidade, aliados a sobrecarga das indústrias, são apontados como as principais causas das perdas. As informações constam em informativo divulgado entre os dias 20 e 23 de dezembro.

De acordo com o documento, a safra enfrenta dificuldades logísticas, filas para descarga e perdas por podridão, agravadas pelo calor e demora no processamento. As indústrias, por sua vez, relatam falta de mão de obra. Diante do cenário, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou a liberação de R$ 4 milhões para a compra de sucos produzidos por cooperativas da região, medida considerada insuficiente pelos produtores.

Perda da produção

O presidente da Associação dos Produtores de Pêssego, Adriano Bosenbecker, afirma que, embora o clima tenha afetado a cultura – especialmente a cultivar Esmeralda –, o principal problema foi a baixa absorção na indústria.

Segundo ele, a redução no preço pago ao produtor foi aceita sob a promessa de recebimento integral da fruta, o que não se concretizou. Com dificuldade de conseguir mão de obra, não foi possível abrir turnos extras, o que resultou em limites de entrega e períodos prolongados sem recebimento, levando produtores a descartar parte da colheita.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel), Paulo Crochemore, afirma que ainda não é possível mensurar as perdas totais e que um balanço mais detalhado deve ser feito após o fim da safra. “Está muito complicado. A perspectiva é realizarmos um relato sobre a safra na semana que vem. Não se sabe o que está perdendo, o que está produzindo… É horrível, horrível”, declara ele.

Impactos no campo

Entre os produtores afetados está a família Fick, de Morro Redondo. Betânia relata que, apesar de a safra ter iniciado sem grandes problemas climáticos, as dificuldades surgiram na colheita, com a limitação no recebimento da fruta. “O pêssego amadurece rápido e não pode ficar muitos dias no pé. Com os intervalos longos entre entregas, a perda é inevitável”, afirma ela, que é esposa de um produtor.

Para reduzir os prejuízos, a família adotou de forma emergencial a venda direta ao consumidor, por meio do sistema de “colha e pague”, prática inédita até então. “Não é para lucrar, é para não perder ainda mais. É triste ver a fruta se perder por falta de alternativa”, lamenta.

Para a família Fick, assim como para outros produtores da região, o temor agora é que as perdas desta safra tenham reflexos diretos nos próximos anos. “É um trabalho de um ano inteiro que se perde justamente no momento da colheita. Isso desanima e compromete o planejamento das próximas safras”, conclui Betânia.

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