Aos 28 anos, Erick Farias completou em 2025 sua primeira temporada atuando pelo Ulsan HD, da Coreia do Sul. O ponto alto do jogador pelotense foi a participação na primeira edição da Copa do Mundo de Clubes. Por outro lado, acabou rompendo o tendão de Aquiles durante um treino, o que o fez perder as últimas partidas do ano.
Em Pelotas, curtindo férias durante o processo de recuperação, o atacante esteve ontem no estúdio da Rádio Pelotense 99.5 FM, onde contou sua trajetória no futebol até chegar ao Ulsan. A entrevista completa está disponível no fim do texto.
A expectativa do atacante é voltar aos gramados no meio de 2026. Na sua primeira temporada jogando na Coreia do Sul, anotou 11 gols em 34 jogos. Ele começou o ano disputando o Campeonato Gaúcho pelo Juventude, onde marcou três vezes em 11 partidas.
“Estou muito feliz, minhas filhas estão muito bem também, muito adaptadas. Minha família adorou, a gente adora a Coreia, é um país muito bom, muito organizado, povo muito receptivo. A nossa adaptação foi boa, foi tranquila. O pessoal se importa bastante com a gente, com o nosso bem-estar. Então isso é muito legal também, isso facilita bastante a nossa adaptação”, disse o atacante.
“Sonho realizado” no Mundial de Clubes
Erick Farias se despediu do Juventude logo após o Gauchão. O Jaconero foi eliminado na semifinal ao perder nos pênaltis para o Grêmio. A estreia pelo Ulsan aconteceu duas semanas depois, em confronto da quinta rodada do Campeonato Coreano diante do Suwon FC. Erick saiu do banco de reservas aos 21 minutos do segundo tempo, quando sua equipe perdia por 1 a 0. Bastaram sete minutos em campo para o atacante pelotense receber um passe na entrada da área e, em velocidade, passar no meio de dois marcadores para tocar no canto direito do goleiro, garantindo o empate em 1 a 1.
Meses depois, o Ulsan foi para os Estados Unidos participar da Copa do Mundo de Clubes. O clube coreano ficou em um grupo ao lado de Borussia Dortmund (Alemanha), Fluminense e Mamelodi Sundowns (África do Sul). A equipe asiática perdeu as três partidas, mas Erick destaca a realização de um sonho ao disputar a primeira edição de um Mundial, no mesmo palco da próxima Copa do Mundo.
“É um sonho realizado de estar nos maiores palcos, com os melhores jogadores, é o sonho de criança, daquele moleque que jogava no campo do São Jorge, na rua 14 do Navegantes II, na rua da minha avó e sonhava um dia em jogar futebol. Eu e o meu primo, meus amigos ali da rua, a gente brincava que a gente era jogadores da época e ficava jogando bola no muro”, relembra o atacante.
Diante do Fluminense, o Ulsan vencia por 2 a 1 no segundo tempo, mas acabou sofrendo a virada e perdendo por 4 a 2. De acordo com Erick, a equipe pagou pelo estilo de jogo praticado na Coreia, de muita transição do início ao fim, sem dosar energia.
“A gente passou muito trabalho, porque nesse quesito de transição é tranquilo. Só que às vezes tu precisa também da parte técnica para suportar o jogo. […] Mas às vezes chega no final do jogo e começa a faltar, porque não tem aquela economia de energia que no Brasil a gente tem. O pessoal sabe dosar, sabe a hora de ir e de não ir. Lá às vezes não, eu costumo dizer que é vai o tempo inteiro e às vezes acaba faltando gás no final do jogo”.
Volta por cima na carreira
A carreira de Erick Farias parecia encerrada prematuramente durante a pandemia. Com o início da pandemia, o atacante pelotense ficou sem clube e chegou a cogitar trabalhar como motorista de aplicativo. Até que conseguiu uma oportunidade no Nova Mutum (MT), assim que o futebol retornou, ainda em 2020. Era a chance que precisava. Depois teve sucesso no Ypiranga e acabou contratado pelo Vasco. Emprestado ao time de Erechim, foi artilheiro do Gauchão de 2022. Em 2023, foi contratado pelo Juventude, marcando vários gols importantes, até ser vendido ao Ulsan em março deste ano.
“O que falar da minha carreira é trabalho. O trabalho devolve, sempre. Sou um cara obcecado por treinar, por trabalhar. Quem me acompanha sabe o quanto eu sou dedicado, o quanto eu gosto de estar trabalhando, de estar envolvido. […] A minha carreira é luta. O meu sonho é a base de muito esforço. Eu acho que se não fosse isso, eu não estaria aqui hoje”, destaca Erick Farias, que admite ter o sonho de retornar ao futebol pelotense no final da carreira. Ele jogou no Pelotas em 2018.
“É um sonho que a gente tem. Tem bastante gente da minha família que é torcedor do Brasil, como eu tenho também bastante tios que torcem para o Pelotas. A família é bem dividida. Eu já joguei em um, mas tenho o sonho, sim, de jogar no Brasil. Vamos ver”, completou.
