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Pelotas tem boas expectativas para a safra do pêssego Região tem expectativa de safra positiva de pêssego, mas preços são fator de preocupação
Produtores de pêssego contarão com apoio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que irá adquirir cerca de 1,7 milhão de quilos da fruta. Para a operação, serão destinados R$ 4 milhões. Parte do processamento do pêssego em suco deverá ser realizada pelas indústrias locais.
O vice-presidente da Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas (APPP), Selmar Raffi, avaliou o anúncio como positivo, apesar de tardio. Além da contribuição financeira, Raffi acredita que a medida ajudará a divulgar o pêssego e a incentivar o consumo da fruta em outras regiões do país. Atualmente, cerca de 95% da compota de pêssego produzida no Brasil é fabricada em Pelotas.
Com a perspectiva de colher aproximadamente 50 milhões de toneladas na safra 2025/2026, os produtores estavam animados após três anos consecutivos de quebra de safra. No entanto, as dificuldades para obter o preço esperado junto à indústria — a expectativa era receber R$ 2,70 por quilo, enquanto o valor ofertado é de R$ 2,10 —, somadas às perdas provocadas por eventos climáticos, vêm gerando desânimo e descontentamento no setor.
Segundo o chefe do escritório da Emater em Pelotas, Rodrigo Prestes, as chuvas registradas na última quinzena causaram prejuízos, especialmente à cultivar Esmeralda, que representa entre 30% e 40% das plantações de pêssego na região. “A perda gerada pelo último evento climático resultou em um prejuízo de R$ 5 milhões aos produtores, cerca de 2,5 milhões de quilos da fruta”, aponta.
Auxílio ao produtor
O anúncio foi feito hoje pelo presidente da Conab, Edgar Preto, durante agenda na região, e busca minimizar os impactos da queda nos preços provocada pela safra cheia — fenômeno que não era registrado havia anos —, além das perdas recentes causadas por problemas climáticos.
Apesar do bom desempenho produtivo, o aumento da oferta gerou preocupação com a desvalorização do produto no mercado. “Mais oferta significa a possibilidade de o preço cair justamente no momento em que o agricultor mais precisa vender”, observou o presidente da Conab.
Conforme Preto, lideranças regionais e o prefeito de Pelotas, Fernando Marroni, mobilizaram o governo federal para viabilizar o apoio ao setor. “Mesmo com as restrições orçamentárias típicas do fim de ano, foi possível garantir os recursos para a operação”, comentou.
A Conab optou pela compra do pêssego na forma de suco, o que permitirá melhor armazenamento e posterior distribuição. Ao todo, deverão ser adquiridos cerca de 700 mil litros, que serão destinados a creches, escolas, cozinhas solidárias e outras instituições sociais do país.
A expectativa do governo é que a iniciativa contribua para reduzir a pressão sobre o mercado, auxiliando na recuperação dos preços pagos ao produtor. “Pagando um preço melhor, conseguimos enxugar um pouco o mercado e estimular uma reação positiva nos valores”, explicou.
Indústrias
O presidente do Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel), Paulo Crochemore, avaliou como fundamental o anúncio da liberação de R$ 4 milhões pela Conab para a compra do pêssego produzido na região.
Segundo Crochemore, a medida chega em um momento crítico para o setor, marcado por safra cheia, queda nos preços e dificuldades da indústria local em absorver toda a produção. Ele destacou que a entrada de produtos argentinos no mercado brasileiro, com preços mais baixos, tem pressionado ainda mais o valor das conservas nacionais, reduzindo a competitividade da produção regional.
O dirigente também ressaltou a falta de infraestrutura adequada para estocagem como um dos principais gargalos enfrentados por produtores e indústrias, o que obriga a comercialização rápida da fruta, muitas vezes a preços abaixo do ideal.
Crochemore afirmou ainda que lideranças regionais e parlamentares gaúchos se mobilizaram junto ao governo federal para viabilizar os recursos, liberados recentemente pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Para ele, a compra anunciada pela Conab ajuda a aliviar o excesso de oferta, contribui para a recuperação dos preços e garante apoio aos produtores.
