O rapper e produtor musical Zudizilla, com seis álbuns solos na carreira, retorna a Pelotas em um momento simbólico. O artista celebra os 10 anos de Faça a coisa certa (2015), disco que marcou o hip hop local, projetou seu nome nacionalmente e abriu caminhos estéticos, musicais e conceituais que seguem presentes em sua obra.
Ao A Hora do Sul o rapper fala sobre a importância do álbum, com produção de Manoval Robe. A dupla revive o momento em show, na noite de hoje ao lado do DJ Micha, que vai tocar antes, durante e depois da apresentação do artista. O evento ocorre no Espaço Nave, a partir das 20h, rua Antônio dos Anjos, 98. Ingressos antecipados podem ser encontrados na plataforma Sympla ou pelo link da bio do @_espaconave. A modalidade é ingresso solidário, com a doação de um quilo de alimento não-perecível.
Vens a Pelotas celebrar o teu primeiro álbum solo?
Meu primeiro álbum de estúdio solo está fazendo dez anos. A gente vai celebrar num evento que anualmente a gente faz, há sete anos. A gente faz esse show ali no Espaço Nave que nos abriu as portas e sempre foi muito agradável fazer o show lá. Esse ano deu essa convergência de ser dez anos de lançamento desse disco que eu lancei – todo mundo acha que é de 2016 – no dia 28 de dezembro de 2015, na pior data possível para se lançar um disco. Foi muito engraçado porque, neste ano, ele saiu na lista dos melhores álbuns de 2015 e 2016. Foi uma estratégia maluca de lançamento, mas que deu certo. E agora, neste final de ano a gente está voltando para Pelotas trazer essas músicas, revisitar algumas músicas que eu não toco há muito tempo, mas que fazem muito sentido eu tocar aqui, porque é uma narrativa e um discurso que faz parte desse solo, dessas ruas, dessas vivências. Então faz muito sentido eu fazer essa celebração aqui e não em outro lugar.
Faça a coisa certa foi o disco que te projetou nacionalmente?
Dá para dizer que sim, mas não sei se foi a questão do disco, da parte musical dele. Musicalmente, acho que a galera (de fora) já estava escutando muitas das coisas, especialmente, aqui da cidade. Já tinha feito um EP, uma mixtape, que já tinha chegado em outros lugares, que tinha ocupado algumas listas de prêmio nacional, mas esse trampo traz uma peculiaridade, que é a questão da prensagem em vinil. Ter feito em vinil fez com que chegasse nas mãos dos DJs, lá de cima, e foi um movimento natural para quem é do rap, chegar primeiro nos DJs e depois no público, mas estranho para o grande público, que espera que o som chegue da forma em números ou digitalmente. Ele acaba chegando no centro com esse caráter físico. Então a galera (pensa): ‘caraca a galera lá do extremo sul do Rio Grande do Sul está preocupada em fazer vinil. Era um rap extremamente sampleado também, a gente pesquisa muita música para fazer isso. Então tem todas essas peculiaridades que fazem com que esse disco tome um lugar muito especial no coração das pessoas. Mas obviamente, a cidade já tinha a sua projeção, o seu lugar e eu como fruto de todo esse meio que é o hip hop pelotense, aproveitei essa cauda e tive essa sorte de conseguir catalisar num disco essas histórias e trazer essa narrativa em formato de vinil e, para a galera, isso foi algo muito interessante.
Como surgiu a ideia?
Eu não queria fazer. Era um dinheiro surreal. A gente vendeu o disco a preço de custo. Foi um jogo muito louco e foi muito estranho, porque na época a galera comprava dois discos e eu não entendia porque. Todo mundo comprando dois discos. Falei: ‘Pô! Da hora, a galera está querendo me apoiar. Que nada, hoje em dia tu vais procurar o Faça coisa certa e está caro para caramba. Eu não tenho mais o meu disco, a cópia que eu tinha eu dei pra Badu (cantora Érika Badu). Era o meu disco de estimação e hoje eu estou à procura e ele está sete a oito vezes mais caro.
