“A saúde mental é um tema urgente, e a desinformação aumenta sintomas de ansiedade e depressão”

ABRE ASPAS

“A saúde mental é um tema urgente, e a desinformação aumenta sintomas de ansiedade e depressão”

Luciana Carvalho – Projeto Verdadeiramente

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“A saúde mental é um tema urgente, e a desinformação aumenta sintomas de ansiedade e depressão”
(Foto: Reprodução)

O projeto “Verdadeiramente – Prevenção e Combate à Desinformação em Saúde Mental”, desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em parceria com a UFPel e a Furg, chegou a Pelotas com a proposta de produzir jornalismo científico acessível e confiável sobre saúde mental.

A coordenadora é Luciana Carvalho, professora e pesquisadora da área de desinformação, que aposta em múltiplas plataformas, consultoria de especialistas e ações de diálogo com a comunidade.

Como surgiu a ideia de unir comunicação e saúde mental em um projeto contra a desinformação?
Venho pesquisando desinformação desde a pandemia, quando, além da ameaça do vírus, enfrentamos um excesso de conteúdos enganosos. A OMS chamou aquilo de infodemia. Havia negacionismo científico, ataques às vacinas e, com isso, doenças já erradicadas voltaram a aparecer. Criamos um grupo de pesquisa, o Desinfomídia, e trabalhamos dois anos combatendo desinformação. Quando voltei para Santa Maria, colegas da área da saúde mental, mostraram o quanto esse campo estava sendo afetado por conteúdos falsos.

A saúde mental é um tema urgente, e a desinformação aumenta sintomas de ansiedade e depressão — e, ao mesmo tempo, pessoas com fragilidade emocional são mais vulneráveis a acreditar em teorias conspiratórias. Também enfrentamos hoje um volume enorme de desinformação sobre saúde mental nas redes, especialmente no TikTok, onde há “curas milagrosas”, falsos especialistas e promessas sem base científica. Percebemos que era necessário intervir.

A desinformação afeta diretamente a saúde mental?
Afeta em vários caminhos. Durante a pandemia, o excesso de informações — corretas e incorretas — elevou sintomas emocionais na população. Por outro lado, quem já tem alguma fragilidade psíquica é mais vulnerável a cair em desinformação, podendo até se radicalizar. E há ainda a desinformação específica sobre saúde mental, que prejudica tratamentos e alimenta estigmas.

Como funciona a validação dos conteúdos?
Todo o material passa por consultoria de especialistas — psicólogos, médicos, enfermeiros e pesquisadores das universidades. Evitamos pressa e o sensacionalismo que, por muitos anos, prejudicou o jornalismo científico e a confiança na ciência. Só publicamos quando há evidência consolidada.

Como é trabalhar com equipes em diferentes cidades?
É desafiador porque o projeto é da UFSM, mas tem braços na UFPel e na Furg. Contamos com apoio de professores, que atuam voluntariamente. Selecionamos bolsistas com financiamento do CNPq e do Ministério da Saúde, e hoje temos quatro em Santa Maria e duas em Pelotas. Mesmo com a distância, o trabalho tem funcionado muito bem.

E como será a aproximação com a comunidade?
Vamos levar o projeto para espaços públicos, como ruas de lazer, onde as meninas vão distribuir folders e aplicar um jogo de “mito ou verdade” sobre saúde mental. Quem acertar ganha um mini cubo mágico, que é nosso símbolo — uma metáfora para o cérebro, sempre em movimento e exigindo encaixes.

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