“Quando a pesca do camarão é ruim, é o artesanato que traz o sustento”

Abre aspas

“Quando a pesca do camarão é ruim, é o artesanato que traz o sustento”

Rosani Schiller – Presidente da Associação de Artesãs Redeiras da Colônia Z-3

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“Quando a pesca do camarão é ruim, é o artesanato que traz o sustento”
(Foto: Divulgação)

Uma técnica que oferece sustentabilidade, renda e evidencia o sentimento de pertencimento a um lugar. Mais de 5 mil pessoas vivem na Colônia Z-3, em Pelotas, onde as águas da Lagoa dos Patos servem de sustento aos pescadores e também às mulheres que transformam redes de pesca e escamas de peixe em artesanato, vendido em mais de dez lojas no Brasil.

A presidente da Associação de Artesãs Redeiras, Rosani Schiller, destaca que o trabalho, em alguns momentos, foi a principal fonte de renda das famílias. Os produtos podem ser adquiridos na Artesanato da Costa Doce, no Mercado Central, ou em redeiras.com.br.

O que são as Redeiras?

O projeto nasceu com o incentivo e apoio do Sebrae em 2008. Nosso intuito era reciclar as escamas de peixe e as redes de pescar camarão que eram descartadas, já que a proposta era trabalhar com artesanato que fizesse referência à cultura local. Lançamos uma coleção em São Paulo e não paramos mais. Trabalhamos com acessórios femininos, como bolsas, carteiras, brincos, colares e xales.

Qual o sentimento ao ver o projeto consolidado?

Éramos dez mulheres. A ideia foi muito bem aceita e a demanda exigiu ampliação. Hoje, cerca de 20 famílias prestam serviço para as Redeiras, incluindo homens. Quando a pesca do camarão é ruim, é o artesanato que traz o sustento. Se não fosse nossa arte, muitas famílias não teriam o que comer.

O que é a biojoia?

É a escama do peixe unida à prata. A biojoia é o que nos leva para muitos lugares, por ser algo totalmente diferente do que se encontra em trabalhos com escamas no Brasil.

E o trabalho com a rede do camarão?

É o nosso carro-chefe porque é um processo de reciclagem muito diferente. Imagine uma rede que o pescador usou por anos e que está encrostada de barro. Fazemos todo o processo de limpeza — que é árduo — para então recortarmos. Por isso, a maneira como trabalhamos também é o nosso diferencial.

Qual a importância de ter parceiros que acreditam e investem nas Redeiras?

Muitas pessoas conhecem o trabalho, se encantam e querem levá-lo para outras cidades. Hoje temos peças vendidas em sete estados. Em Porto de Galinhas (PE), recebemos muito retorno de pelotenses que reconhecem o nosso trabalho lá. Em São Paulo, estamos no Masp.

Quais são os planos para o futuro da Associação?

A sede é um sonho. Precisamos de recursos, pois sabemos que o artesanato não gera dinheiro suficiente para construir um espaço próprio. Além disso, queremos nos tornar uma referência do artesanato para o turismo de Pelotas na Colônia Z-3.

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