O Colégio Pelotense está em processo de retomada de alguns projetos antigos já desenvolvidos na escola, principalmente após a consolidação de uma parceria com o curso de Cinema da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Um destes é o Festival de Cinema Gato Pelado (Fecigato), que foi retomado neste ano, após um tempo de pausa e cuja primeira edição aconteceu em 1973.
Com a exibição de 17 produções feitas por alunos das séries finais do ensino fundamental, ensino médio e EJA, o Fecigato buscou promover a criatividade, a expressão artística e o espírito crítico dos estudantes do Pelotense, incentivando o uso do audiovisual como meio de comunicação, expressão, reflexão e intervenção social e cultural. Neste ano, o evento restringiu-se à comunidade escolar, mas o objetivo é que, futuramente, ele possa ser aberto também ao público externo, sendo mais um motor da cena cultural de Pelotas e da região.
O evento, que ocorreu sob ação do Gatocine, projeto de cinema e audiovisual da escola, teve a exibição de curtas-metragens e a premiação dos curtas vencedores, que concorreram em 15 categorias diferentes.
Como está sendo a retomada dos projetos?
A primeira edição do Fecigato ter acontecido há mais de 50 anos é algo notável, dada a época. Hoje em dia, com o acesso que temos à tecnologia, fazer um evento no audiovisual não é tão complicado, depende de uma certa logística. Era uma época antes da câmera super 8, e, ainda assim, foi feito. Essa retomada tem muito da parceria com a UFPel e, nisso, principalmente os projetos artísticos e culturais, tivemos a oportunidade de reviver esse festival para trabalhar com os estudantes essa ideia da expressão artística como uma forma de comunicação audiovisual. Fizemos sem muita pretensão, mas deu certo, teve muito engajamento dos alunos e tivemos 17 produções inscritas em formato de curta-metragem. Esse ano também conseguimos reviver a oficina de cinema, que leva o nome de Gatocine, graças a uma parceria que a gente tem com o projeto Circuito da UFPel, pela professora Cintia Langie. Nesse processo, projetamos reviver o festival neste final do ano, ver o que poderia sair dele, e o retorno foi muito positivo.
Como foi o envolvimento de alunos e o processo criativo?
Fizemos uma publicidade inicial, publicamos um edital com regulamento para que eles pudessem compreender a proposta, as categorias envolvidas, e fizemos um trabalho junto aos professores, principalmente da área de linguagens da escola, para que se quisessem abordar com seus alunos a temática, e diversos colegas abraçaram a ideia, o que nos levou a esse resultado. Nessas 17 produções temos representantes dos três turnos da escola, mostrando um envolvimento geral. Eles tiveram, ao menos, entre 40 e 45 dias para produzirem os curtas. É uma retomada, então pensamos, já para 2026, fazer uma coisa mais estruturada, com mais logística e aberta ao público, por enquanto foi interna, até para podermos ter controle. Não sabíamos como seria a recepção e com todos esses inscritos, ficamos muito felizes.
Que tipo de produção foi feita? Quais os temas abordados pelos alunos?
O pessoal do EJA trabalhou muito com as questões da escola, então tivemos temas ligados à acessibilidade, a profissionais de educação, um vídeo que abordou como é ser trabalhador durante o dia e estudar durante a noite, e também a paixão por times de futebol da cidade. A ficção a gente deixou bem livre, claro que respeitando algumas regras, para que eles pudessem adaptar histórias e temas que chamam a atenção deles. As produções abordaram muitas lendas locais, referência a temas clássicos do cinema que eles gostariam de adaptar, comédia romântica, histórias criminais e outras que pudessem oportunizar a eles se expressarem de maneiras diversas. Tivemos um pouco de tudo. A média de duração das produções foi de sete a oito minutos.
Qual o impacto no processo de ensino-aprendizagem?
Aos pouquinhos nós estamos tentando reviver as áreas artísticas que o Colégio Pelotense sempre teve uma ligação histórica muito forte, o que faz com que os resultados já estejam começando a aparecer. O que eu acho legal, pensando principalmente nos nossos jovens, é o quanto de desenvolvimento psico-social a arte pode trazer. Todas as atividades artísticas fazem a diferença no desenvolvimento global dos alunos. Tem essa questão da comunicação-expressão, que é sempre lembrada quando falamos sobre teatro e cinema, mas a cooperação, o trabalho em equipe, a busca de soluções, a superação de desafios e a busca de conhecimentos, isso é incentivado e abre a mente dos alunos, se sai daquele aspecto mais tradicional, para algo onde se precisa encontrar soluções práticas e isso é muito legal para eles, no sentido global da aprendizagem.