Há 90 anos
O 27 de novembro de 1935 marcou um dos capítulos mais tensos da história política brasileira. Nesta data, o Rio de Janeiro tornou-se palco da última tentativa de derrubar o governo do gaúcho Getúlio Vargas, após uma série de levantes que haviam se iniciado no dia 23, em Natal, e seguido para o Recife no dia 24. Os episódios, posteriormente conhecidos como Intentona Comunista, revelaram a dimensão das disputas ideológicas que atravessavam o país.
A Aliança Nacional Libertadora (ANL), criada em março daquele ano, foi o centro articulador do movimento. Reunia representantes de diferentes correntes — militares, trabalhistas, comunistas — sob a liderança do Partido Comunista Brasileiro. O objetivo, segundo os envolvidos: enfrentar o imperialismo, o poder latifundiário e a repressão às liberdades democráticas. Paralelamente, discussões internacionais travadas em Moscou indicavam a urgência de frentes populares contra o fascismo. Nesse contexto, consolidou-se a decisão de preparar um levante armado no Brasil, sob influência direta do Komintern.
Liderança gaúcha
O gaúcho Luís Carlos Prestes (1898-1990), figura emblemática das lutas populares, retornou ao país em abril de 1935 para assumir papel central na articulação. Prestes, já conhecido pela liderança da Coluna que percorreu 13 estados brasileiros na década de 1920, tornou-se presidente de honra da ANL e passou a coordenar os preparativos para a instalação de um governo popular e anti-imperialista. A data escolhida para o início da rebelião foi a madrugada de 27 de novembro.
Contudo, fatores locais precipitaram os acontecimentos no Nordeste, fazendo eclodir o movimento antes do previsto. No Rio de Janeiro, o levante iniciou simultaneamente em diferentes pontos estratégicos: no 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha; no 2º Regimento de Infantaria e no Batalhão de Comunicações, na Vila Militar; e na Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos. A narrativa oficial afirmava que os insurretos atacaram companheiros adormecidos, mas essa versão foi contestada por historiadores, dado que os quartéis estavam em estado de prontidão após as revoltas anteriores no Norte.
O confronto foi intenso e rapidamente controlado pelas forças legalistas. A tentativa de estender a rebelião a outras regiões fracassou, e o movimento terminou derrotado.
O 27 de novembro permanece como marco de um período em que projetos políticos opostos disputavam o futuro do país. O episódio também pontua que ações revolucionárias podem encontrar seu limite na força das armas e na complexidade da própria sociedade.
Repercussão
Na década de 1970, a data foi lembrada pelos militares. Em novembro de 1974, por exemplo, foi realizada uma missa com presença do Comando da 8ª Brigada de Infantaria Motorizada, autoridades militares e civis, na Catedral São Francisco de Paula, em memória dos brasileiros que tombaram na Intentona Comunista.
Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense. Atlas Histórico do Brasil – Fundação Getúlio Vargas; Wikipedia
Há 100 anos
Monsenhor Costábile Hipólito representa Pelotas em conferência com o papa Pio XI, em Roma
Em novembro de 1925, o monsenhor Costábile Hipólito estava em visita a Pelotas, após retornar de viagem a Roma. Na época o religioso era vigário de São Sebastião de Bagé.
Ele cumpriu a missão de representar o bispo diocesano de Pelotas na visita “ad limina apostolorum” e oferecer ao papa Pio XI o relatório do movimento religioso da cidade, entre 1920 e 1925. Pelo empenho na missão, a Cúria Romana o distinguiu com o título honorífico de Prelado Doméstico de Sua Santidade. Para a imprensa local da época, a distinção dava “um merecido relevo à diocese de Pelotas”, no catolicismo brasileiro.
Na história do RS
Nascido em Salerno, no sul da Itália, Costábile Hipólito foi, por décadas, pároco da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Porto Alegre. Em 1904, nas instalações da Igreja, ele fundou o futuro Colégio Nossa Senhora do Rosário, o qual se mudou para seu prédio atual, próximo à praça Dom Sebastião, em 1927. Em 1925, o Papa Pio XI concedeu-lhe o título de “monsenhor”. Em Bagé é patrono de uma rua e de uma escola estadual, que levam seu nome. O religioso morreu em 1956.
Limiares dos apóstolos
“Ad limina apostolorum” significa “aos limiares dos apóstolos” e se refere à visita que os bispos diocesanos católicos fazem a Roma, a cada cinco anos, para visitar os túmulos de São Pedro e São Paulo e se encontrar com o Papa. A visita é uma obrigação para os bispos, que apresentam um relatório sobre o estado de suas dioceses e reforçam os laços de comunhão com a Igreja de Roma e o Papa.
Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense