Safra de arroz na Zona Sul avança com semeadura antecipada

Produção

Safra de arroz na Zona Sul avança com semeadura antecipada

Expectativas são positivas, apesar das dificuldades financeiras enfrentados por produtores

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Safra de arroz na Zona Sul avança com semeadura antecipada
Zona Sul deve chegar a 156,5 mil hectares plantados, queda de 7% em relação à safra passada. (Foto: Divulgação)

A safra de arroz 2025/2026 na Zona Sul do Rio Grande do Sul avança sob um cenário de contrastes. Apesar do plantio antecipado e das condições climáticas favoráveis, a redução nos investimentos por parte dos produtores pode influenciar os resultados finais.

O panorama é traçado pelo coordenador regional do Irga na Zona Sul, engenheiro agrônomo Igor Kohls. Segundo ele, projetar a produtividade da safra ainda é arriscado, especialmente porque a comparação é com o ciclo anterior, que registrou a maior produtividade da história do Estado, superando 9 mil quilos por hectare.

No entanto, alguns fatores sustentam expectativas positivas. “O preparo antecipado das áreas e a possibilidade de semear cedo ajudaram muito. Tivemos 95% da semeadura concluída em outubro, e mais de 20% em setembro — algo que não ocorria há duas safras por causa das chuvas excessivas”, explica.

Em contrapartida, a forte descapitalização dos produtores e a dificuldade de acesso ao crédito resultaram em redução nos níveis de adubação. A queda no uso de insumos, porém, é parcialmente compensada pela melhoria da fertilidade dos solos, resultado da expansão da soja sobre áreas antes ocupadas exclusivamente pelo arroz.

A área plantada na Zona Sul deve chegar a 156,5 mil hectares, uma queda de 7% em relação à safra passada, embora o número acompanhe a média dos últimos dois anos. Santa Vitória do Palmar segue como o maior produtor regional, com mais de 65 mil hectares, um dos maiores municípios produtores do Estado, seguido por Arroio Grande, com 30 mil hectares, Jaguarão e Rio Grande, dentro de 17 e 18 mil hectares.

Kohls ressalta que o bom desempenho da região na semeadura — que liderou o Estado — está diretamente ligado às condições climáticas diferenciadas. Enquanto outras regiões sofreram com chuvas irregulares, a Zona Sul teve índices abaixo da média, favorecendo o avanço das máquinas. Além disso, a estrutura dos produtores, com alta capacidade de plantio diário, acelerou o processo.

Produtividade

Conforme o coordenador, embora o plantio na época certa aumente o potencial da cultura, o arroz depende fortemente das condições climáticas no período reprodutivo. “Precisamos saber se vamos ter temperaturas adequadas e ausência de chuvas excessivas. Isso só poderá ser avaliado com mais precisão próximo à colheita”, afirma.

Os avanços tecnológicos dos últimos anos também têm papel importante no desempenho das lavouras. A introdução da soja em áreas antes destinadas exclusivamente ao arroz trouxe ganhos de fertilidade e redução de plantas daninhas.

Além disso, práticas como a suavização do terreno facilitam a irrigação em um momento em que falta mão de obra especializada. O uso de cultivares mais adaptadas, como a Irga 424 RI — responsável por mais de 60% da área — também contribui para maior estabilidade produtiva.

Preocupações

Apesar dos avanços, uma das principais preocupações dos produtores rurais vem sendo o preço recebido pela saca, metade do preço da safra passada, com valores que não cobrem os custos de produção.

Kohls explica que com esse cenário, produtores começam a considerar ampliação de áreas de soja ou milho para 2026/2027. “A decisão dependerá da produção mundial de arroz, das condições climáticas e da rentabilidade das culturas de sequeiro”, diz.

Atualmente, as lavouras da safra mostram bom desenvolvimento. As áreas semeadas entre setembro e início de outubro tiveram emergência rápida e uniforme. Já os plantios realizados após o dia 10 de outubro sofreram mais com a falta de chuva, embora o avanço da irrigação esteja corrigindo parte dessas diferenças.

“O momento agora é de muito trabalho, com irrigação e aplicação de ureia acontecendo ao mesmo tempo. Mas, de modo geral, as lavouras estão indo muito bem”, conclui Kohls.

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