A prefeitura de Rio Grande emitiu uma nota de esclarecimento sobre os fatos que envolveram a sindicância que apurou a atuação de dois médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Cassino, durante atendimento que resultou na morte do menino Joaquim Simch Klinger (Joca), 9, em maio deste ano. Os dois foram desligados dos serviços e, agora, a investigação criminal será remetida ao Ministério Público Estadual.
Na tarde de ontem, a prefeita Darlene Pereira (PT), reuniu-se com os familiares do menino, onde foram apresentados os resultados da investigação administrativa instaurada em 17 de junho. No processo foram ouvidas 14 pessoas, entre profissionais e membros da família de Joaquim, e realizadas diligências com órgãos de classes profissionais envolvidas no caso. Administrativamente, ninguém foi responsabilizado pela morte do menino e o executivo rio-grandino arquivou o caso. No entanto, os documentos foram encaminhados ao Ministério Público, que ficará à cargo da continuidade da investigação.
Através das redes sociais, a mãe de Joca posicionou-se alegando que os fatos apresentados na sindicância comprovam que um dos médicos responsáveis pelo atendimento não atestou a gravidade dos fatos, mesmo com reiteradas manifestações da equipe de enfermagem, e solicitou a intubação do menino apenas depois de ter ministrado medicamentos, sem que esses tenham surtido qualquer efeito.
Segundo a prefeitura de Rio Grande, está marcada uma reunião, na próxima sexta-feira (28), no Ministério Público, que contará com a participação da Procuradoria Geral do Município e da Secretaria de Município de Gestão Administrativa sobre os fatos.
Relembre o caso
A criança teria dado entrada no atendimento de urgência da UPA por volta das 3h10min do dia 28 de maio, com sintomas respiratórios. O prontuário médico aponta para uma crise asmática com provável complicação por H1N1. Com a piora do quadro de saúde, Joaquim teve duas paradas cardiorrespiratórias e veio à óbito às 7h15min ainda na unidade de saúde. As anotações indicam que a equipe de enfermagem orientou a intubação do menino por diversas vezes, todas negadas pelos dois médicos que participaram do atendimento.
Antes, por volta das 6h, o quadro de Joaquim piora e a pessoa responsável pela enfermagem relata no prontuário que “foi orientado para os médicos que o mesmo [menino] irá fadigar e parar, que era para intubar naquele momento. Novamente os médicos dizem para esperar, sendo que não havia tempo para esperar”. Cerca de 25min o menino entra em parada cardiorrespiratória, o médico tenta intubar por duas vezes, sem sucesso. Outros procedimentos são adotados, como intubação laríngea e massagem cardíaca, ambas sem sucesso, vindo à óbito.
