Temporada lírica do Sete de Abril encantou Pelotas

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

Temporada lírica do Sete de Abril encantou Pelotas

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Há 110 anos

Na segunda semana de novembro de 1915, o público pelotense viveu momentos de fascínio no Teatro Sete de Abril. A programação começou com o ilusionista Raymond, trazido pelo empresário Eduardo Vitorino, mas seriam as récitas líricas que marcariam definitivamente aquele mês.

No dia 23 do mesmo mês, estreou a Companhia Lírica Italiana, apresentando Lucia de Lammermoor, de Donizetti. A soprano Amelita Galli-Curci e o tenor Tedeschi conquistaram a plateia culta da cidade. A imprensa não hesitou em registrar o impacto: “A sra. Amelita Galli Curci foi uma Lúcia como jamais Pelotas teve ensejo de aplaudir”. E mais: no primeiro floreio vocal do ato inicial, o teatro explodiu em aplausos “amplamente merecidos”.

A segunda récita trouxe Rigoletto, consagrando novamente a companhia. O tenor Hipólito Lazzaro, como o Duque de Mantova, foi aplaudido de pé e reprisou o célebre La donna è mobile. Na terceira noite, subiu à cena A Bohème, de Puccini. Anita Giacomucci, como Mimi, emocionou o público em Mi chiamano Mimi, enquanto Lazzaro foi igualmente magistral em Che gelida manina.

Os mais festejados

A quarta récita trouxe La Traviata, de Verdi, com um dos pares mais festejados da temporada: Galli-Curci como Violeta e Lazzaro como Alfredo, reafirmando o êxito artístico da companhia. O sucesso foi tão retumbante que duas apresentações extras foram acrescentadas: Tosca e O Barbeiro de Sevilha.

Foi durante essa última récita que o Sete de Abril viveu talvez seu ápice: o palco cobriu-se de flores, confetes e serpentinas, enquanto o público aclamava os artistas em verdadeiro delírio. De um camarote, doutor João Carlos Machado saudou Galli-Curci: “em nome de Pelotas e como fremente culto à arte em sua mais empolgante manifestação”.

Fonte: Nossa cidade era assim, de Heloisa Assumpção Nascimento

Há 15 anos

Manuscrito inédito de João Simões Lopes Neto foi doado ao Instituto JSLN

(Foto: Reprodução)

No dia 21 de novembro de 2010, uma cerimônia marcou a entrega de um manuscrito inédito da Artinha de Leitura, do famoso autor regionalista pelotense João Simões Lopes Neto ao Instituto que leva seu nome. A solenidade ocorreu na sede da entidade, na rua Dom Pedro II, 810.

Na época, a professora doutora Helga Landgraff Piccolo, decana da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entrou em contato com a professora Beatriz Ana Loner informando que havia encontrado o manuscrito de Simões entre seus guardados, quando estava desfazendo-se de sua biblioteca. Provavelmente, o material tinha sido recebido de outros professores, que lhe passaram seus arquivos. Tendo consciência da importância do mesmo para a história das letras de Pelotas, imediatamente encaminhou-o para a professora Beatriz, sua ex-aluna.

O documento foi entregue por meio do instrumento público de Comodato, resguardando ao Núcleo de Documentação Histórica (NHD/UFPel) o direito de recuperá-lo ao acervo do NDH-UFPel, caso necessário. Ao ceder o manuscrito ao Instituto, o documento retornou  a  “sua casa” e passou a ser público, com acesso facilitado. A digitalização e o acesso via web ficou sob a responsabilidade do NDH-UFPel.

Conselho recusou

A Artinha de Leitura foi enviada para o Conselho de Instrução Pública do RS em 1907, pelo autor. O objetivo era a publicação como cartilha de primeiras letras para crianças no Estado e estava desaparecido desde então.

Após avaliação, o Conselho recusou a adoção da cartilha, alegando que estaria em desacordo com a nova reforma ortográfica. Segundo Reverbel, isso motivou João Simões a escrever-lhes um memorial, com o título de “Ligeira contradita de uma decisão do Conselho de Instrução Pública”. Simões Lopes Neto não fez cópia do manuscrito, que se perdeu na secretaria.

Ao final do manuscrito, Simões Lopes insere, de próprio punho, considerações como se deve portar o professor, aconselhando ao mestre a ter muita paciência.  Também encontram-se quatro pequenos contos infantis e um texto sobre a reforma ortográfica.

Fonte: Acervo Bibliotheca Pública Pelotense e CCS UFPel

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