Chegamos à reta final da concessão do Polo Rodoviário de Pelotas. Faltam exatos cem dias, a contar deste domingo (23), para o levantamento das cancelas e o fim dos trabalhos da Ecovias Sul. O que para muitos é comemorado, dado ao fim da cobrança de um dos pedágios mais caros do Brasil, para tantos outros também é um alerta. A região segue com pouquíssimas respostas sobre como ficará toda a questão da administração rodoviária após esse período.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) vai assumir a gestão estrutural, e já lançou os editais para terceirizar a administração estrutural. Ou seja, roçada e tapa-buracos estão aparentemente resguardados. O problema envolve todo o resto e, em especial, os serviços de guincho e saúde. Na última semana, inclusive, houve duas situações que devem ser trazidas à discussão. Quando um caminhão tombou com gado, havia quem atendesse. Quando, em Canguçu, no fim de semana passado, um acidente precisou de dez horas de trabalho para resgate, havia quem estivesse lá, com capacidade e expertise para fazer o salvamento. E, a partir de quatro de março, quem será o responsável por isso? É a pergunta que certamente tira o sono de prefeitos e gestores de toda a região.
As prefeituras da Zona Sul mal conseguem fazer a gestão de saúde de suas cidades com as demandas atuais. Ainda essa semana aprovaram um movimento para cobrar mais atenção. Foi capa deste jornal na terça. Como exigir que tenham ambulâncias disponíveis para atender os sinistros que ocorrerem nas rodovias? Elas serão as responsáveis? E terão capacidade? Se não forem, quem será? Se não tiverem, como lidaremos com isso? Não podemos “ganhar” de um lado com o barateamento para circular pela região, mas perder do outro com a transformação de nossas rodovias em estradas da morte.
Entre os fatos já colocados na mesa, está o claro descompromisso do governo federal com a celeridade para a próxima concessão e a certeza de que ficar sem uma administração completa trará uma série de novas dores de cabeça para a Zona Sul a partir de março do ano que vem. Diante disso tudo, seguimos com mais perguntas do que respostas quanto ao futuro de nossas rodovias.
