“Os artistas estão buscando espaço e querem ser vistos, então, talvez esse seja o nosso papel”

Abre aspas

“Os artistas estão buscando espaço e querem ser vistos, então, talvez esse seja o nosso papel”

Mariana Rachinhas - produtora cultural e proprietária da 4 galeria

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“Os artistas estão buscando espaço e querem ser vistos, então, talvez esse seja o nosso papel”
(Foto: Reprodução)

Pelotas é uma cidade de grande riqueza cultural em seus mais diversos formatos. Ainda que pulse arte em cada esquina, uma das maiores reclamações dos artistas é a escassez de locais, eventos e espaços que tornem possíveis as exibições e encontro entre os produtores de cultura e público.

Como forma de ampliar estas possibilidades, a 4 Galeria de Arte e Café realiza neste final de semana o evento “Sede de Arte”, transformando o espaço na rua Dr. Amarante, 608, no centro de Pelotas, em um universo cultural e de criação, com foco na conexão entre diversas expressões, profissionais e público. Com programação gratuita das 14h às 22h nos dois dias, o público presente poderá prestigiar oficinas de artes, roda de conversa criativa, live painting, intervenções artísticas, shows musicais e exposições de marcas locais.

A proprietária do espaço e produtora cultural, Mariana Rachinhas, explica o que é o projeto e de que forma ele pretende agregar à cena da arte pelotense.

Como surgiu a ideia para a primeira edição do Sede de Arte?
O nome vem do slogan da galeria que é “Expresse sua sede de arte”, que liga tanto ao expressar a arte em si, como com o cafézinho expresso, pois trabalhamos com o café no nosso espaço. A gente quer fazer um projeto integrativo de uma semana de arte, com várias oficinas, palestras, mas, como a gente precisava fazer uma versão teste, um piloto, dessa ideia, nós elaboramos essa versão reduzida, de dois dias, com oficinas, roda de conversa, expositores, artistas reunidos em um evento já bem completo. A ideia é que, em um próximo momento, seja uma semana integrativa.

A ideia é abranger a arte como um todo. Nós temos diversas parcerias no nosso espaço, com artistas residentes, durante a programação a ideia é trazer esses e mais artistas para dentro do nosso local, com seus mais variados estilos e não ficar só limitado naquela questão de galeria de arte, com pinturas, mas também entrar nas outras vertentes da arte, que é muito forte aqui na nossa cidade.

Qual é a diferença do ambiente, que tradicionalmente tem as exposições, quando consegue reunir mais de uma expressão artística?
Muda a atmosfera do espaço, e quando a gente trabalha uma exposição que é mais estática, quando ficamos naquela ideia mais quadrada de arte, as pessoas têm mais facilidade de ter essa leitura, do que ela se trata. No entanto, quando a gente traz toda essa movimentação dentro de um espaço, essa pessoa se sente parte daquilo, então a ideia é que as pessoas que não tem acesso à arte no seu dia a dia, consigam se sentir parte de um projeto, de um ecossistema, de uma atmosfera que estamos criando com o Sede de Arte.

Nós já estivemos com a 4 galeria em outros dois locais e hoje ocupamos uma casa histórica. Lá acontecem várias coisas, sempre brinco que cada dia está de uma forma diferente, pois a arte é cíclica e nós gostamos de trabalhar com isso, temos essa liberdade poética de criar e fazer outras coisas acontecerem, que é o que nosso espaço comunica.

Como é ver o público de Pelotas apreciando as diversas formas de arte?
É uma construção. A gente tem muitos artistas na cidade, mas poucos espaços, sempre senti muito essa necessidade. Também sou artista, também frequento lares de arte e sempre senti que precisaria de mais espaços, então, lá, a gente consegue, de fato, criar muitas possibilidades e tirar eventos como esse do papel, que é um projeto que já está sendo escrito há muito tempo, que agora estamos colocando ele para rodar, porque ele é realmente grande, envolve muitas coisas e muitas pessoas. É importante que esses espaços também existam para que a gente possa circular a arte, trazer artistas, não só os nossos artistas locais, mas fazer esse intermédio de artistas de outros lugares, mandar os nossos para esses outros locais, isso é muito importante para a arte como um todo.

Há alguma diferença na produção de arte de Pelotas para fora?
Eu imaginei que tivessem algumas diferenças, mas eu noto, na verdade, uma semelhança, que é a falta de lugares. Quando a gente criou a galeria, eu imaginei que tivéssemos exposições mais espaçadas, que a gente tivesse até uma certa dificuldade de achar artistas e isso não acontece. Todo dia nós recebemos contatos de artistas de todos os lugares do Brasil, e até de fora, para expor. O que eu percebo não é uma diferença, é uma semelhança, esses artistas estão buscando espaço e querem ser vistos, então talvez esse seja o nosso papel: mostrar esses artistas para as pessoas, para o mundo.

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