Essa é uma história de março de 2025. Sempre tive o sonho de ver a aurora boreal. O tipo de beleza que parece exigir que a gente esteja inteiro diante dela. Mas bastou o avião tocar o chão da Noruega para descobrir que sonho nenhum se realiza só com vontade. O clima por lá muda rápido demais. Você sai confiante de manhã e, em poucas horas, já não enxerga um palmo na frente.
Na primeira tentativa, nosso roteiro foi cancelado por instabilidade climática.
Na segunda, depois de algumas horas com os guias, um ciclone polar chegou sem pedir licença (sim, eles existem!).
Uma nevasca forte o suficiente para balançar o ônibus do “safari” e arrancar de um dos guias: “nossa, eu trabalho com isso a sete anos e nunca havia passado por isso!”. Imagine nossa reação, nós, que viemos da tropicalidade brasileira.
O que nos manteve em segurança foram os guias. Eles sabiam onde pisar, para onde ir, quando recuar. Sabiam interpretar o céu, o vento, o branco absoluto que tomava a estrada. Sem eles, eu teria voltado pra casa apenas com a sensação de ter tentado… ou talvez nem tivesse voltado.
A aurora não é difícil apenas porque é rara. Ela é difícil porque exige timing, leitura e expertise. Exige saber enxergar uma brecha mínima entre clima caótico e ondas magnéticas que, para nós, turistas, parecem homogêneas. No dia seguinte ao ciclone, exaustos, pensamos seriamente em descansar. Foi quando os guias viram uma abertura minúscula no mapa do céu e… nos chamaram.. E lá fomos nós. Adivinhe o que aconteceu? Pois é, finalmente encontramos a Aurora.
Ali eu entendi uma verdade que vale para o Ártico e para qualquer trajetória importante: sozinho, eu teria desistido. Não por falta de coragem, mas por falta de conhecimento. De percepção. De repertório para reconhecer o que valia insistir e o que era apenas insistência.
Guias, mentores, especialistas… cada um chama de um jeito. Mas, no fim, são pessoas que sabem encurtar caminhos. Gente que evita que pequenas enrascadas virem grandes problemas. Que lê o cenário melhor do que você.
Voltar pra casa com a aurora registrada foi incrível. Mas não foi sorte. Foi preparo, foi método e estar acompanhado por quem realmente sabia o caminho. E, nos negócios, a lógica é a mesma. Sonhos grandes não se realizam com autodidatismo romântico. Ele nasce quando deixamos de ser turistas nas nossas próprias escolhas e passamos a caminhar ao lado de quem conhece o terreno.
Você tem investido em quem pode encurtar seu caminho? Ou tem tentado enfrentar seus ciclones sozinho?
No Ártico eu aprendi que não basta querer ver a aurora. É preciso saber ler o céu. E ninguém o lê sozinho.