Cerca de 70 mil famílias de pequenos produtores do Rio Grande do Sul dependem da cultura do tabaco. A maior parcela está localizada na região Sul, com destaque para as cidades de Canguçu e São Lourenço do Sul. Além disso, o Brasil é o maior exportador de fumo do mundo e o segundo em produção. Tendo em vista este cenário, representantes do Estado fizeram-se presentes na 11ª edição da Conferência das Partes (COP11) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, na Suíça.
Ainda que sem acesso direto aos locais de discussão, por serem restritos à delegação enviada pelo governo federal, os representantes do setor, em especial da Zona Sul, apresentaram as demandas da cadeia produtiva para os técnicos da embaixada brasileira.
O deputado estadual Zé Nunes (PT) afirma que o evento foi carregado de tensão, por lidar com temas importantes e que não devem ser politizados. “Virou um tema de muita disputa política. Aqui tentamos dar o devido valor ao debate sobre a saúde, mas também representar e manter presente o olhar de quem produz”, diz.
Ainda segundo o deputado, mesmo sem poder de decisão, a importância de estar presente na COP11 está em saber as medidas que estão sendo tratadas no evento internacional e não deixar que notícias falsas e informações equivocadas sobre o tema se proliferem.
Temas
Entre as abordagens da COP11 que tem relação com a produção de tabaco, a principal delas é uma sugestão, pleiteada pelo Canadá, para a diminuição da área de plantio. No entanto, o Brasil já manifestou-se contrário a essa sugestão, uma vez que entre as condições apresentadas pelo país para aderir ao acordo é que nenhuma ação verse sobre o plantio ou comercialização do tabaco. Essa sugestão já foi vetada no começo do evento.
Outra situação que ganhou destaque entre os temas do encontro foi o debate ambiental sobre a abolição de filtros de microplástico ou os cigarros passarem a ser produzidos sem filtro. No entanto, na avaliação do representante da Zona Sul, a discussão não deve avançar por envolver a produção mundial.
O crescimento expressivo no uso de nicotinas sintéticas é um assunto relevante para o evento, uma vez que há a análise do impacto desse produto na saúde e na produção. “Na medida que aumenta o mercado da nicotina líquida e da sintética, se diminui a necessidade de ter produtor produzindo folha de tabaco no campo”, explica Zé Nunes.
Qual o impacto da COP11
A COP11 surge de um debate forte sobre a epidemia do cigarro no mundo inteiro na década de 1990. O acordo é assinado por 183 países, incluindo o Brasil, que reunem-se bianualmente para rever conceitos e situações que impactam no controle do tabagismo no mundo inteiro.
Nestas ocasiões, são feitas avaliações sobre o alcance das medidas e quais que precisam ser aperfeiçoadas, além de iniciativas necessárias para diferentes contextos.
Cada país indica a sua delegação oficial. Os delegados são divididos em dois grupos, que discutem assuntos diferentes sobre o controle do tabaco e, destes, são estruturados os posicionamentos, que serão apresentados em uma plenária final. As propostas são votadas pelos 183 países e a redação final é produzida, contendo as diretrizes a serem seguidas pelos signatários.
Importância Econômica e Social no RS
A cultura está entre as principais atividades agrícolas do Estado e é uma das que mais geram emprego e renda no meio rural. Em 2024, o tabaco processado e seus derivados ocuparam o segundo lugar nas exportações do agronegócio gaúcho, atrás apenas da soja, com US$ 2,7 bilhões em embarques para 92 países.
