Aos 50 anos, após uma vida marcada por mudanças constantes devido à carreira do marido, Esterli Dal Soto decidiu finalmente realizar o sonho que carregava desde a infância: empreender. Cofundadora da Yoshake, uma das marcas mais conhecidas de Pelotas no segmento de sorvetes e milkshakes, ela transformou uma ideia observada no café do filho em Sapiranga em um negócio que hoje possui diversas unidades no Rio Grande do Sul e segue em expansão, com produção própria e novos produtos chegando ao mercado. Esterli conta que o caminho foi pavimentado por insistência, trabalho intenso e a certeza de que qualidade nunca é negociável. Em entrevista à Rádio Pelotense, ela relembra o início modesto no Calçadão de Pelotas, a consolidação da marca, o papel da família no negócio e deixa uma mensagem para mulheres que desejam empreender, mas ainda não encontraram o momento certo para dar o primeiro passo.
Empreender sendo mulher foi diferente para você?
Sim. Eu sinto que, para as mulheres, os desafios chegam com outro peso. Sempre me senti muito responsável e muito atenta à educação dos meus filhos, então durante muitos anos eu sabia que não era o momento de empreender. Tive uma vida de muitas mudanças, por causa do trabalho do meu marido, que era gerente de banco. Só aos 50 anos consegui realizar esse sonho, e acredito que, antes disso, não teria dado certo.
Como nasceu a ideia que deu origem à Yoshake?
A inspiração veio do meu filho mais velho, que montou um café em Sapiranga e tinha uma máquina de milk-shake. Quando fui ajudar pôr um fim de semana, achei o máximo: um produto saboroso, prático, que não suja, ideal para consumir no carro ou caminhando. Em Pelotas não havia essa cultura do milk-shake. Decidi na hora que seria ali que eu empreenderia. Com um pequeno espaço cedido e apenas uma máquina de um sabor, começamos a vender no Calçadão, panfletei, chamei clientes, insisti. Em poucos meses já tínhamos recuperado o investimento.
Como foi o processo de expansão da marca?
Trabalhamos muito. Abrimos aos domingos, ficávamos até o último cliente ir embora. Logo vieram novos pontos: Cassino, lojas na Senador, na Quinze, participações na Fenadoce… Era eu e minha filha praticamente sozinhas no início. Depois meu filho se juntou ao negócio e, aos poucos, a empresa cresceu. Hoje temos lojas no Rio Grande do Sul e em outros estados, incluindo um projeto dentro do empreendimento do Hard Rock no litoral. Mas toda a produção continua sendo feita em Pelotas.
O que diferencia o produto da Yoshake?
Além de produzirmos tudo internamente, o meu sócio Renan é bioquímico e tem paixão por testar e experimentar até chegar na fórmula exata. Isso faz com que nossos produtos sejam realmente diferenciados. Nunca abrimos mão da qualidade, mesmo quando os insumos ficam mais caros, como aconteceu com o cacau. Também acabamos de lançar a linha Loop, um produto gourmet que está sendo muito bem aceito em padarias e conveniências.
Qual é a sua mensagem para mulheres que desejam empreender?
Que nunca abandonem seus sonhos. Às vezes, o momento certo não é quando somos jovens ou quando os filhos ainda dependem de nós. Mas chega a hora. Para empreender, é preciso coragem, determinação e disposição para trabalhar muito, inclusive fora do horário comercial. É importante planejar, contratar bem, organizar tudo. Mas é um processo maravilhoso. Hoje, ver meus três filhos trabalhando na Yoshake é uma das maiores alegrias que tenho.