Entramos na semana da Consciência Negra com pouco a comemorar e muito a mudar como sociedade. Embora Pelotas, enfim, caminhe em um rumo de reconhecimento e valorização de sua raiz africana, é fato que os desafios são enormes e o racismo é uma chaga viva em nossa sociedade e qualquer avanço que se tem, é acompanhado de brados e reclamações de quem não só parou no tempo, como recusa-se a ser minimamente humano. Nas últimas semanas noticiamos uma série de ocorrências que envolvem esse crime, mas uma coisa é certa: o que vem a público é ainda uma gota em um oceano de casos de preconceito racial, direto ou velado, que ocorrem todos os dias no Brasil. E isso precisa mudar.
Fato também é que Pelotas, enquanto cidade com raiz negra, pouco se reconhece. Há um claro esforço atual da Secretaria de Igualdade Racial – vimos o excelente evento da última sexta-feira e a série de ações deste mês como exemplos sólidos disso. Mas, em geral, somos uma cidade que pouco ou nada nomeia ruas em reconhecimento a personalidades negras, tem baixa representatividade política de lideranças negras e sequer tem, até o momento, uma delegacia para lidar com os crimes de ódio.
A mudança precisa ser feita, seja pela reeducação, seja pela punição exemplar de quem teima em cometer crimes de ódio pelo mais ignorante e inaceitável dos motivos. Não cabe, especialmente no campo da brincadeira, ações racistas. Não é cultural, não é engraçado e abre espaço para a normalização do crime e isso não pode ser aceitável em aspecto algum. Constranger e diminuir alguém pela cor de sua pele é covarde e criminoso e precisamos tratar assim em todos os aspectos.
Essa é uma semana de reflexão, para pessoas negras se enxergarem na rua da cidade e ocuparem os espaços que são seus por direito, mesmo tendo sido retirados em tantos momentos, e para pessoas brancas pensarem em suas atitudes. Mudar é necessário e toda mudança começa com mudança de mentalidade e percepção do que deve ser feito. Evoluir, enquanto sociedade, é o caminho lógico.