As contratações de fim de ano são sempre muito aguardadas por quem busca uma vaga no mercado de trabalho da região. Com o aquecimento das vendas de Black Friday e Natal, o movimento tende a crescer, principalmente no Calçadão. O Sindicato dos Lojistas de Pelotas (Sindilojas) está otimista e projeta mais de 500 contratações temporárias. Mas a fatia maior é gerada pelo setor primário, com estimativa de seis a sete mil vagas entre a zona rural e o setor fabril, principalmente com o início da colheita do pêssego.
Para o comércio de artigos, acessórios e vestuário, o movimento maior deve ocorrer após o pagamento da primeira parcela do 13º salário, no fim de novembro. O presidente do Sindilojas, Renzo Antonioli, confirma o otimismo. “A previsão é de 504 empregos temporários, sendo que as contratações começaram no fim de outubro e vão se intensificar agora em novembro”, destaca. Conforme o presidente, alguns funcionários ficam até fevereiro, para cobrir férias. Já nas lojas com produtos de volta às aulas, até março. “Em torno de 15% acabam efetivados todos os anos. Este ano o número de temporários é maior, porque o comércio vinha defasado de mão de obra”, observa.
Nem todos os lojistas do Centro, no entanto, compartilham a mesma expectativa. Em conversa com a reportagem, muitos afirmaram que não pretendem contratar neste final de ano, alegando que já contam com equipes completas. “Por enquanto, o movimento está fraco”, relata o gerente de uma loja que preferiu não se identificar. A aposta, segundo eles, é de que o fluxo de clientes aumente mais próximo do Natal, com o pagamento dos salários e bônus de fim de ano.
Encaminhamento de vagas
No Sine/FGTAS, a procura intensa ainda é por vagas na indústria da conserva, que já abriu mais de 1,5 mil postos. Os coordenadores Evanir Barz e Marco Aurélio Moraes informam que o órgão tem promovido mutirões de emprego, inclusive voltados a pessoas com deficiência e a uma rede multinacional de varejo que abrirá loja no Shopping Pelotas. “Quem tem nos procurado bastante é o pessoal das indústrias de conserva, por causa da safra do pêssego”, comentam. Segundo eles, ainda é cedo para avaliar o impacto das contratações natalinas.
Entre os candidatos que buscam uma oportunidade está Michele Soares Conceição, 41 anos, que há mais de um mês frequenta o Sine em busca de recolocação. “Vi uma vaga no Instagram e vim tentar preencher”, revela. Ela nutre a esperança de ser efetivada depois dos 30 dias de contrato. “Sempre me apresento com disposição para aprender e contribuir com o que a empresa precisar”, conta.
Safra do pêssego aquece a indústria
O presidente do Centro das Indústrias de Pelotas (Cipel), Vittorio Ardizzone, explica que o setor vive seu período mais ativo. “Está começando a safra do pêssego, e as indústrias estão realmente contratando. É o movimento natural dos chamados safristas, que reforçam a mão de obra temporária nesse período. Felizmente, isso gera um volume expressivo de empregos na região.”
Para o presidente da Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas, Adriano Bosenbecker, o impacto é ainda maior, com estimativa de seis a sete mil empregos gerados entre pomares e indústrias, somando zona rural e setor fabril. “Só uma empresa chega a empregar cerca de dois mil funcionários.” Ele acrescenta que boa parte das contratações é feita diretamente pelas indústrias, sem intermediação do Sine, por meio de alistamentos nos bairros.
