Quem visitar o Pontal da Barra no Laranjal vai ver uma cena interessante: a draga operando na saída do canal São Gonçalo com a Lagoa dos Patos. A previsão da Portos RS é que o trabalho se encerre em 2026, permitindo assim que embarcações maiores de 150 metros de comprimento possam acessar a hidrovia transportando cargas até a capital, Porto Alegre.
A dragagem no canal de acesso ao Porto do Rio Grande teve início em 1º de outubro com o objetivo de recuperar a competitividade do Complexo Portuário. A obra será executada com recursos do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), com investimento total de R$ 432,2 milhões. A Portos RS captou R$ 731 milhões para o projeto de reconstrução da infraestrutura portuária.
O presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, explica que a operação abrange o canal externo, o canal interno e os berços do Porto Novo, no Porto Organizado do Rio Grande.
A fase atual ocorre no canal da Feitoria, considerado estratégico para a navegação interior por conectar as embarcações que seguem em direção a Porto Alegre. O trecho, segundo Klinger, apresentou grande volume de sedimentação, exigindo uma intervenção mais intensa. “O canal da Feitoria é essencial para o tráfego das embarcações que sobem pela hidrovia. Com essa obra, conseguimos reduzir os pontos de conflito e restabelecer gradualmente a navegação. É uma região desafiadora, por conta das condições de vento e maré na Lagoa dos Patos”, explica o presidente.
A execução segue um cronograma técnico que prioriza os pontos com maior assoreamento. A previsão é de 150 dias de dragagem no canal, tempo necessário para a retirada completa do material acumulado e o restabelecimento do calado ideal.
21 canais em recuperação
O projeto de recuperação das hidrovias envolve 21 canais da navegação interior, divididos em diferentes lotes de execução. O primeiro canal já foi concluído, e o segundo contrato, que contempla quatro canais, está com dois finalizados e outros dois próximos da conclusão. “O lote 13, que inclui o canal da Feitoria, é a próxima etapa em andamento. Outros dois lotes, somando 11 canais, já tiveram licitação concluída e estão em fase de habilitação e assinatura de contrato”, destaca. Um último lote, com quatro canais, completará a série de intervenções, com conclusão prevista para o final de 2026.
Klinger diz que, à medida que cada trecho é dragado, os pontos mais críticos da hidrovia são liberados, restabelecendo a navegação de forma progressiva e segura.
Manutenção futura
Além da dragagem, o projeto prevê a recuperação do calado de 5,18 metros em toda a navegação interior, um padrão técnico que garante a passagem segura de embarcações de grande porte. Segundo Klinger, essa recuperação é essencial após as enchentes que afetaram o Estado.
Em paralelo, a Portos RS desenvolve um estudo de concessão que deverá assegurar a manutenção permanente dos calados e da sinalização náutica a partir de 2026. “Estamos preparando a modelagem da concessão para garantir a continuidade da navegação e a conservação das condições ideais de operação no longo prazo”, afirmou o dirigente.
