A mãe do desenvolvimento

Editorial

A mãe do desenvolvimento

A mãe do desenvolvimento
(Foto: Jô Folha)

É o desenvolvimento que traz a infraestrutura, ou o contrário? Essa parece ser uma questão latente na nossa região — e talvez seja um dos motivos de ainda estarmos atrasados em algumas frentes. Temos grande potencial para ser o polo logístico do Cone Sul, mas ainda carecemos de estruturas adequadas. Ao contrário do que se habituou a fazer no Brasil, faz mais sentido agirmos de antemão para estarmos preparados para receber, de forma organizada, empresas capazes de gerar emprego e renda para a região.

Quando se cresce sem planejamento, boa parte das intervenções feitas posteriormente pelo poder público serve apenas para atenuar problemas. Um exemplo é a grande quantidade de bairros que surgiram sem saneamento, vias sem pavimentação e comunidades sem acesso a serviços básicos, como saúde e educação, Brasil afora. Se a Zona Sul sabe que o Polo Naval virá com força, acompanhado de diversos outros investimentos ligados à economia azul, não faria mais sentido começarmos a nos preparar desde já?

Um exemplo prático é a hidrovia binacional que liga as águas gaúchas ao Uruguai, via Lagoa dos Patos, canal São Gonçalo e Lagoa Mirim. Hoje não temos infraestrutura pela falta de fluxo. Ou será que falta fluxo justamente pela infraestrutura precária? Por isso, é preciso manter um olhar atento para as promessas de obras anunciadas para a região. Elas devem sair do papel — e, certamente, a demanda virá naturalmente.

Quando observamos algumas das grandes economias emergentes do mundo hoje, como Arábia Saudita e China, vemos planos estruturais robustos impulsionando o desenvolvimento — a ponto de construírem cidades do zero, totalmente planejadas, para atender demandas futuras. É claro que não podemos nos comparar economicamente a essas potências, com PIB infinitamente superior ao nosso, mas, ao menos, precisamos tirar lições ao observar quem está fazendo e colhendo resultados.

A Zona Sul tem tudo para se tornar o grande polo econômico do Sul do Brasil nos próximos anos, impulsionada pelo Polo Naval de Rio Grande, pela biorrefinaria e até pelo potencial de captação de petróleo. Mas, para isso, precisamos estar estruturados — e isso se constrói com força política, representatividade e projetos bem planejados.

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