Todo líder já viveu aquele momento em que percebe que o problema não era o time. Ou quando entende que pedir autonomia e revisar tudo o que o time é contraditório. A liderança tem seus próprios “eventos canônicos”: episódios tão comuns que se repetem em diferentes empresas, mudando apenas o nome dos personagens. Admita, eu e você já nos vimos nesse papel.
A cultura de um negócio raramente se revela nas campanhas institucionais. Ela aparece nas reações automáticas, na pressa em contratar alguém sem clareza do que se espera, nos planos de crescimento empolgados que ignoram a prontidão do time. Esses momentos, pequenos e recorrentes, formam o que chamo de cultura real.
O equívoco mais comum de quem lidera é achar que cultura se faz só ao comunicar. É preciso também praticar, de forma intencional. É o somatório das decisões, dos silêncios e das prioridades.
Cada gesto é um manual invisível, ensinando o time o que realmente importa. E é esse manual que molda o negócio (muito mais do que o planejamento estratégico feito uma vez ao ano).
Empresas não quebram por falta de estratégia. Elas desmoronam quando a cultura não sustenta o crescimento que a estratégia propõe. Crescer exige estrutura, e cultura é a estrutura invisível, o solo onde resultados podem florescer ou morrer.
O problema é que muitos líderes tentam mudar o resultado sem mudar o terreno.
Querem performance, mas negligenciam confiança.
Querem inovação, mas punem o erro.
Querem autonomia, mas não suportam perder controle.
A boa notícia é que dá pra reescrever esse manual. Mas exige coragem para olhar pra dentro e reconhecer os próprios paradoxos. Talvez o primeiro passo seja parar de tentar “respostas prontas” e começar a fazer boas perguntas, para entender o que de fato o seu negócio precisa.
O terreno que você cultiva hoje define o que vai colher em 2026. E, em tempos de tanta pressa, constância ainda é a vantagem competitiva mais rara.
