Recentemente, fui reconhecida pela primeira vez por causa da minha coluna. A leitora me parabenizou, e eu fiquei muito feliz.
Estava com meu namorado e o apresentei a ela, que, um pouco decepcionada e confusa, perguntou por que eu nunca havia escrito sobre ele no jornal. Eu não soube o que responder, mas imediatamente lembrei do artigo da Vogue britânica que movimentou o mundo feminino nas últimas semanas: hoje em dia, ter um namorado é considerado constrangedor.
Sim, eu uso oncinha e calça de cintura baixa porque a rainha das revistas mandou — assim como todas nós. Mas eu não esperava que ela afetasse até o meu relacionamento. Segundo o texto, tornou-se brega ter um namorado sendo mulher nos dias atuais. A revista mais influente do mundo entre as mulheres reforçou isso com o depoimento de diversas influenciadoras digitais, que contaram ter perdido seguidores e recebido mensagens do tipo: “por favor, siga solteira!”. As pessoas começaram a ver as comprometidas com um homem como algo regressivo no contexto da era do fim da heteronormatividade.
Esse movimento fez com que as redes sociais de mulheres se tornassem mais discretas sobre com quem estavam se relacionando, para não perder o algoritmo e o status que antes era ocupado por aquelas que conseguiam arranjar e manter um marido. Tornou-se decepcionante para fãs verem uma mulher forte com um namorado, por acreditarem que a vida daquela pessoa gira em torno do relacionamento ou por diminuírem a expectativa da ideia de independência feminina.
O propósito de uma mulher girou em torno dos homens por muitos anos, e finalmente estamos começando a viver nossas próprias vidas e a falar sobre isso, tentando honrar aquelas que não tiveram esse direito. Com o feminismo, a reflexão nos fez entender que um relacionamento afetivo não precisa ser nossa única prioridade — e descobrimos as maravilhas de ter outras metas pessoais.
Portanto, as jovens de hoje enxergam as solteiras como indivíduos independentes — e não me refiro apenas à liberdade financeira. As antigas “solteironas” são vistas como sortudas que sabem curtir a solitude, as amizades femininas, os hobbies e as viagens, sem ter um homem para “segurá-las”.
Como sempre, prevendo tendências futuras, a Vogue decretou: o termo “solteirona” morreu. O enterro será em breve, e, na próxima geração, já não se verá mulheres sem marido com olhar de tristeza.
Finalmente, agradeço à minha leitora pelo carinho — nunca vou esquecer a sensação que me proporcionaste. Também peço perdão às minhas leitoras por estar fora de moda: te amo, amor!