A retinopatia diabética é uma complicação da diabetes que causa danos aos vasos sanguíneos da retina. Ela está entre as principais causa da perda de visão em pessoas entre 20 e 75 anos. Estudos apontam que o risco de cegueira pode ser reduzido para menos de 5%, se a retinopatia diabética for diagnosticada e tratada precocemente.
Para falar sobre o assunto, a Rádio Pelotense entrevistou a oftalmologista Anne Elise do Carmo Chaves. Ela é diretora científica da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul (Sorigs), a principal entidade representativa da especialidade do Estado. A associação tem como objetivo principal promover a saúde ocular da população e a prevenção da cegueira.
Quais são os primeiros sintomas que podem indicar o desenvolvimento dessa doença?
Os primeiros sintomas começam com a baixa divisão. E aí deixo um alerta para que façam suas revisões anuais com médicos ou oftalmologistas. Porque, normalmente, a pessoa não faz uma avaliação completa, com o exame de fundo de olho, e acaba não descobrindo. O oftalmologista dilata a pupila e examina a retina. Assim, conseguimos detectar sinais antes do paciente ter qualquer baixa na visão. É uma fase ótima para preservar a visão.
Existe algo que dificulta o acesso dos gaúchos a exames ou algum tipo de tratamento precoce?
Existe um gargalo para conseguir essa avaliação com especialista. Isso é um problema a ser enfrentado, não só no Rio Grande do Sul, mas em todo o Brasil. É uma fila de espera muito grande no SUS para realizar consultas com oftalmologistas, que conseguem fazer a avaliação completa. Isso acaba muitas vezes atrasando o diagnóstico e a pessoa perde aquela oportunidade de tratamento.
Como a Sorigs tem atuado nas campanhas de conscientização do diagnóstico precoce?
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia está realizando neste mês uma ação de conscientização, o “24 Horas pelo Diabetes”, na qual tentamos esclarecer, tirar dúvidas e incentivar e promover atendimento. Na próxima segunda-feira, vamos ter uma ação que atenderá vários pacientes que estavam na fila de espera para serem atendidos no Hospital Conceição. O nosso trabalho é principalmente isso, nas campanhas de atendimento, mas principalmente nas de conscientização.
Fazendo uma análise geral sobre a população, as pessoas ainda subestimam os riscos de doenças oculares?
Muitas vezes, sim. A maioria das vezes a pessoa pensa que a visão está pior porque o óculos está com o grau baixo, pela idade ou porque está começando a ter catarata e vai deixando passar até ter problemas sérios, esses do fundo do olho e da retina, que se perdida a oportunidade de tratamento, em casos mais graves, não temos como reverter, mesmo com cirurgia.
