É muito difícil compreender

Editorial

É muito difícil compreender

É muito difícil compreender
(Foto: Jô Folha)

Poucas coisas são tão complexas quanto entender a mente humana. Por exemplo, qual o serviço público que mais é visado na hora de criticar? A saúde, por óbvio. Fila do SUS virou sinônimo de demora. É muito raro encontrar um cidadão que nunca tenha enchido a boca para reclamar disso. E, ainda assim, hoje, quando é dada oportunidade às pelotenses de encolher filas por exames e por atendimentos, isso não é aproveitado. Sem contar a vacinação, a qual temos índices vergonhosos e vidas sendo perdida por motivos evitáveis.

Pelotas teve a dádiva de receber a Carreta da Saúde por um mês. Ela ficará aqui por mais algumas semanas, atendendo mulheres. E, ainda assim, o serviço sendo prestado é uma fração do potencial, por um único motivo: as pessoas não vão. Está no largo da Estação Férrea, junto ao terminal de ônibus do Centro da Cidade – ou seja, de fácil acesso –, toda uma estrutura voltada ao atendimento de pacientes. E as pessoas não procuram. Não atendem as ligações dos profissionais. Não aparecem para as consultas. Fica difícil demais entender.

Na vacinação, temos mais de 50 UBSs, em todos os bairros, além da Casa da Vacina, também em área central e de fácil acesso, atendendo o dia inteiro. É só chegar, receber a dose, colocar a carteirinha em dia. Em troca, você ainda ganha o benefício de não ficar doente e não morrer. Ainda assim, Pelotas está abaixo da meta de imunização em quase todos os fatores. Outro comportamento quase impossível de aceitar.

Diante de tudo isso, é importante ser duro, mas incansável. Pelotas já cogita ir ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar para que pais levem seus filhos para a vacinação. As pessoas que estão ignorando a Carreta da Saúde precisam também ao menos se conscientizar quanto a própria irresponsabilidade de desperdiçar um agendamento para algo que tantas outras mulheres Brasil afora estão desesperadas aguardando. Ir atrás delas até o fim para garantir que essa oportunidade não vá fora é fundamental. Mas um choque de realidade e humanidade também é necessário para quem não dá a menor bola para a saúde e acaba prejudicando os outros nesse processo.

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