Em um bate-papo que promete emocionar e inspirar o público com temas como representatividade, diversidade e o poder transformador da literatura, o escritor Pedro Rhuas estará presente no sábado às 19h, na Tenda Cultural da 51ª edição da Feira do Livro de Pelotas, para a ação Encontro com o Escritor.
Reconhecido por trazer em suas obras a força da voz nordestina e LGBT+, com seu romance de estreia, “Enquanto eu não te encontro”, publicado pela editora Seguinte, o escritor foi vencedor do Concurso de Literatura Pop (Clipop) e deu origem a um álbum musical homônimo. O sucesso foi seguido por O mar me levou a você, consolidando-o como um dos principais nomes da nova geração literária nacional. Juntos, os dois livros já ultrapassaram 100 mil exemplares vendidos.
Com mais de 200 mil seguidores nas redes sociais, o Rhuas reúne uma comunidade de leitores engajada, que se identifica com suas narrativas de inclusão e tem o coração tocada através de suas palavras.
O que o tema da Feira do Livro de Pelotas neste ano, “A Vida Acontece em Capítulos”, te remete? Como foi sua trajetória até aqui?
Eu relacionei bastante a minha trajetória. Lembro de mim enquanto uma criança descobrindo o universo literário, depois como um adolescente que começou a postar resenhas dos livros que lia em um site, depois como estudante de jornalismo e, agora, na vida adulta, como um romancista. Eu estreio na literatura em 2021, com o lançamento do meu livro “Enquanto eu não te encontro”, que se tornou um fenômeno literário no booktok que é a comunidade de leitores do TikTok, e o livro se encontrou com leitores do Brasil inteiro, difundindo uma literatura que é muito comparada com um abraço ao nordeste e à comunidade LGBT+.
Sobre o que fala o seu livro de maior destaque?
O livro se passa na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, e vai acompanhar um garoto que sai do interior para estudar em uma universidade pública na capital, e durante essa trajetória, em uma noite em uma boate, vai fazer com que ele conheça um cara que pode ser o amor da vida dele, em uma história regada de referências à cultura pop, memes que se conectam muito com o público jovem e que trazem conversas sobre autoconhecimento, autoamor e como nós merecemos existir.
Qual a sua expectativa para estar em Pelotas próximo do teu público?
Eu não conheço Pelotas e, mais do que isso, vai ser minha primeira vez no Rio Grande do Sul. Estou muito ansioso, vendo uma movimentação bem interessante em relação à mesa, ao evento e a todos os autores incríveis que estarão por aí.
Como enxergas a importância de tratar dos temas que tens abordado na literatura e como isso reflete no teu público?
Quando eu começo a escrever histórias de amor, que abraçam a comunidade, eu faço considerando que essa é uma comunidade que carrega bastante traumas de como é representada, traumas na vivência em sociedade, muitas das histórias contadas sobre a comunidade Queer acabavam com um final triste, e eu não queria que eles fossem limitados a um olhar de escassez, de violência. Por isso eu resgato clichês, elementos da comédia romântica e trago para dentro das minhas narrativas. Uma das coisas que eu sempre digo para promover os livros é “tem muito final feliz sim”.
O que é a literatura para ti e quais os elementos da tua escrita?
Eu enxergo a literatura como uma ponte para transformar os abismos que ainda encontramos nos nossos territórios. O brasileiro parece se conhecer muito pouco e a nossa visão coletiva é marcada por óticas muito posturadas, e a literatura, os livros, proporcionam uma estrada que pode ser trilhada justamente para a gente se conhecer melhor, principalmente em um país de dimensões continentais, como é o nosso. Os meus livros quebram alguns paradigmas do que seria a representação do nordestino. Eu trago um nordeste jovem, que passeia pelo litoral, pelo urbano, pelo sertão também, sem limitar à essa construção de uma imagem à essa visão de um nordeste que ainda parece viver no período das grandes secas. Eu visualizo a democracia como uma força estratégica para pensarmos a democracia, diversidade, respeito às diferentes vozes de um país que é plural. E fazer isso conversando com o público jovem, em especial, é ainda mais bonito porque, “Enquanto eu não te encontro” é o primeiro livro lido por muitos jovens brasileiros e eles já se deparam com uma literatura que parece nos dizer, o tempo todo, que o que importa são as nossas histórias, que estão ao nosso redor, as pessoas das nossas comunidades, e isso traz um debate muito interessante.