Há 88 anos, a Congregação Lassalista, responsável pelo Colégio Gonzaga, criou o curso superior de Ciências Econômicas, anexo à escola, na esquina da rua Anchieta com a praça José Bonifácio. O entendimento acerca da importância do ensino superior para o desenvolvimento humano e a formação profissional é um dos marcos estruturantes da instituição e permanece até hoje.
Diversas atividades são voltadas à preparação para os processos seletivos do ensino superior. Um exemplo é a Prova Integrada, aplicada a partir do nono ano. “Essa prova é voltada para o vestibular. Os estudantes vão agregando essas experiências durante todo o ensino médio”, explica o professor de Geografia, Mateus Marzullo.
O professor de Biologia, Roberto Vieira, reforça que o ensino médio deve ser um espaço de aprimoramento. “Queremos que eles consigam se desenvolver da melhor maneira possível para participar das provas que irão enfrentar ao final do terceiro ano”, afirma.
Diferenciais do modelo
Segundo o professor Vieira, no ensino médio do Gonzaga, o primeiro e o segundo anos são dedicados à abordagem dos conteúdos de diversas disciplinas. “O terceiro ano funciona revisando os conteúdos dos dois primeiros e focando em técnicas de preparação e aprimoramento para vestibulares”, destaca.
Marzullo acrescenta que o colégio proporciona acesso a uma estrutura de prova e a um ambiente semelhantes ao Enem e a demais processos seletivos. “Eles vão agregando essa experiência durante todo o ensino médio com exercícios e simulados. O vestibular, antes de mais nada, é entender o funcionamento. Para isso, o aluno precisa ser preparado desde cedo”, comenta.
Para se adaptar à nova realidade do Enem, o colégio alterou a metodologia, passando a trabalhar também habilidades e competências de forma mais contextualizada, associando diversas áreas do conhecimento. O Programa de Avaliação da Vida Escolar (Pave), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), também conta com acompanhamento especial.
Um dos destaques é o material didático utilizado. “É um material muito robusto, que dá um suporte muito bom tanto para o aluno quanto para o professor, para o trabalho em sala de aula e em casa”, pontua Marzullo.
Cerca de 90% dos alunos são aprovados no curso de interesse. No Pave, o índice é ainda maior, chegando próximo a 100%. “Nos últimos dois anos, aprovamos os primeiros lugares no Pave para Medicina”, comemora o professor.
Acolhimento
Considerada uma etapa difícil para os estudantes, a reta final de preparação para o Enem conta com cuidado especial por parte da escola. O professor Vieira comenta que, além do acolhimento, alguns conteúdos começam a ser reduzidos. “Nunca sobrecarregamos os alunos. Também damos atenção, carinho, conhecimento e amizade”, avalia.
Os alunos são acompanhados de forma individualizada. Caso o professor identifique alguma dificuldade em sala, o setor pedagógico entra em contato com a família para compreender melhor a situação.
“A escola trabalha muito próxima ao nosso aluno. É um período de muita instabilidade e ansiedade, tanto deles quanto da família”, destaca Marzullo. Segundo ele, devido ao atual perfil dos estudantes, que se cobram muito, o suporte da escola é fundamental. “É importante que eles vejam no professor segurança e que percebam na escola um abrigo.”
Qualificação docente
Os professores do ensino médio possuem experiência em vestibulares. “Nossos professores têm uma carga de vivência dentro da escola, o que contribui para o desenvolvimento dos alunos,” afirma Marzullo.
A coordenação pedagógica do Gonzaga promove diversos encontros e oficinas para qualificação dos docentes. Conforme Vieira, as oficinas ocorrem antes do início do ano letivo e contribuem para a preparação dos educadores.
Ao longo do ano, são realizadas jornadas pedagógicas e reuniões periódicas com a coordenação. “O departamento de psicologia nos chama e apresenta como cada aluno está: seu rendimento, quais problemas está enfrentando”, relata Marzullo. Para o professor, esse acompanhamento é um diferencial importante para amenizar a pressão.
Eventos
Para trabalhar os conteúdos de forma diferenciada, o colégio promove encontros que facilitam a assimilação e fortalecem a relação entre as disciplinas. “Na última semana mesmo, fizemos um encontro com os alunos do terceirão sobre a bomba atômica, com participação dos professores de Física e História”, relata Marzullo.
Também são realizados encontros com dicas finais para o Enem e o Pave. “Os momentos finais da preparação são sempre muito especiais. Há uma troca entre a ansiedade do aluno e do professor, misturada com a vontade de vencer e conquistar”, comenta.
Conquista
Para os dois professores, acompanhar os alunos atingindo suas metas é uma das maiores recompensas da profissão. “Ver o aluno aprovado, dentro da universidade, é nossa energia, nosso combustível”, destaca Marzullo.
Vieira concorda e complementa: “Saber que participamos da construção de um sonho não tem preço. Ver o aluno entrando na universidade é indescritível.”
História
Na década de 1930, Pelotas já possuía quatro cursos superiores: Direito, Farmácia, Odontologia e Agronomia. Em 22 de fevereiro de 1937, o Colégio Gonzaga recebeu autorização para criar o curso superior de Ciências Econômicas. A iniciativa foi do Irmão Fernando, religioso educador de vasta cultura e experiência em assuntos financeiros.
Em 1942, não havia no interior do Rio Grande do Sul nenhuma escola de ensino superior para formação de professores do ensino secundário (atual ensino médio). O bispo Dom Antônio Zattera criou, em 1953, a primeira Faculdade de Filosofia no interior do Estado. Instituições semelhantes foram fundadas por Dom Antônio nas cidades de Bagé (1958) e Rio Grande (1961).
Em 1955, a Faculdade de Ciências Econômicas, fundada no Colégio Gonzaga, foi incorporada à Mitra Diocesana. A transferência, junto com a criação do curso de Jornalismo, em 1958, viabilizou a criação da Universidade Católica Sul-Rio-Grandense de Pelotas — posteriormente denominada Universidade Católica de Pelotas, após o desmembramento das faculdades de Rio Grande e Bagé
