Anda extremamente difícil ser uma romântica nos dias atuais. Ver beleza nas pequenas coisas da vida, acreditar em destino e compreender até as pessoas mais complicadas é uma arte menosprezada, e me orgulho de dizer que a pratico quase diariamente.
Escondo com sarcasmo, mas sou uma bobona que consegue se emocionar com dois idosos caminhando de mãos dadas na minha frente. Com as redes sociais, o que nos resta é olhar em volta. A beleza de uma caminhada sem rumo, um bebê sorrindo, suas melhores amigas achado graça das suas piadas e os churrascos de família.
Apesar de gostar de romantizar o cotidiano, ainda sou fã dos clássicos do amor e essa é uma das minhas histórias preferidas. Envolve o elevador da Galeria Zabaleta, um cupido e claro, o destino. Tudo começa com o cupido e, quando escrevo essa palavra, me refiro a um de verdade, tentando unir o casal. Um cupido mais clássico do que aquele de asas e arco-flecha: uma amiga em comum.
Alguns meses falando para dois divorciados de quarenta e poucos anos o quanto combinavam – e alguns meses ouvindo que não estavam interessados em conhecer alguém em um encontro arranjado. Enquanto isso acontecia, o destino atuava: o futuro casal se encontrava espontaneamente no elevador no Centro de Pelotas. Ele morando no prédio e ela visitando sua mãe. Cada vez acontecendo com mais frequência e cada vez prolongando mais as conversas de elevador. Até chegar no clássico ponto da modernidade da “seguida” nas redes sociais. Curtidas, conversas no chat e o encontro fora do elevador.
Ambos médicos, com filhos lindos, já com suas vidas “montadas”, apenas esperando o Zabaleta, o cupido ou o destino uni-los no tempo certo. Eles descobriram depois que tinham uma amiga planejando o que era para acontecer. Quando lembro dessa história, sempre penso que se algum deles tivesse se atrasado para pegar o mesmo elevador ou topassem o encontro às cegas, talvez não estariam onde estão hoje, como um eterno casal de namorados e uma grande família.
Eu disse que é cada vez mais difícil ser romântica nos dias atuais, mas esse tipo de história torna muito fácil. A verdade é que não consigo me ver não acreditando em destino ou qualquer tipo de entidade maior quando estou na presença de algo bonito. E realmente, esse casal, que hoje é uma família que tenho muito carinho, é muito bonito.