Integração e conscientização para um trânsito mais seguro para todos

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Integração e conscientização para um trânsito mais seguro para todos

Pesquisa do IBGE aponta que quase 40% dos pelotenses usam o carro para se locomover ao trabalho

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Integração e conscientização para um trânsito mais seguro para todos
(Foto: Jô Folha)

De acordo com dados do Detran-RS, são 235.835 veículos trafegando pelas ruas de Pelotas. A maior parte é composta por carros, também o meio de locomoção preferido da população. Diante desse cenário, para garantir uma convivência segura e saudável, não bastam apenas políticas públicas, mas também o bom senso dos condutores.

A convivência entre pedestres, motoristas, ciclistas e motociclistas ainda é um dos principais desafios da mobilidade urbana em Pelotas. Para a professora e diretora adjunta do Centro de Integração do Mercosul da UFPel, Raquel Holz, o trânsito local reflete a prioridade histórica dada ao automóvel e exige agora uma adaptação para um modelo mais inclusivo e sustentável. Segundo ela, a cidade precisa de calçadas acessíveis, ciclovias interligadas e faixas de pedestres bem sinalizadas para comportar todo esse ecossistema.

Automóveis

A professora chama a atenção para o comportamento no trânsito. “Muitos motoristas ignoram limites de velocidade, param sobre a faixa e estacionam em fila dupla. A falta de empatia agrava os conflitos e os acidentes.” Além disso, a maioria dos veículos transita com uma ou duas pessoas, embora o espaço comporte mais. Isso gera, conforme a especialista, congestionamentos e aumento de todas as externalidades negativas do uso do veículo motorizado, como emissões de poluentes, ocupação do espaço público e saturação da área urbana. “Como consequência, vêm a intrusão visual, os problemas sonoros e as questões estruturais na cidade”, pontua.

Motocicletas

Em Pelotas, cerca de 10% dos deslocamentos são feitos por motociclistas, grupo que está entre as principais vítimas de acidentes graves no trânsito.

Ela aponta que o excesso de velocidade, as ultrapassagens perigosas e a circulação entre faixas aumentam o risco não apenas para os condutores de motos, mas para todos os usuários das vias. Raquel ressalta que, embora a motocicleta seja um meio de transporte acessível e essencial, especialmente para entregas, é urgente que o poder público invista em educação, fiscalização e infraestrutura adequada, com pavimentação de qualidade, para reduzir a gravidade e a frequência desses acidentes.

Pedestres

A especialista indica que, para quem transita a pé, é necessária uma consciência sobre a prioridade na travessia das faixas de segurança em relação aos semáforos. “Muitas já perderam a pintura e deixam dúvida se ainda são áreas seguras”, observa. Ela destaca que a educação para o trânsito deve ser permanente, com campanhas claras sobre o uso correto das faixas e o respeito aos semáforos. “Há confusão até sobre quem tem a preferência. Onde há semáforo, é ele que vale, não a faixa”, explica.

Ônibus

Os dados do Censo de 2022 do IBGE revelam que Pelotas depende fortemente do transporte individual, embora uma parcela expressiva da população ainda se desloque a pé. Para Raquel, esse cenário reforça a necessidade de equilibrar investimentos, qualificando o transporte coletivo, ampliando a infraestrutura para pedestres e ciclistas e repensando o uso do automóvel, especialmente no centro da cidade, onde muitos veículos passam o dia estacionados em espaços públicos. Ela defende que o poder público avance em políticas integradas de transporte, planejamento urbano e meio ambiente, com foco na sustentabilidade, acessibilidade e redução das desigualdades, para tornar Pelotas uma cidade mais humana e eficiente. “Precisamos reorganizar o sistema viário, priorizando o transporte coletivo e os modos ativos de deslocamento”, defende.

Três pilares

O levantamento do IBGE, segundo o secretário municipal de Trânsito e Transporte, Cláudio Montaneli, reflete a dimensão do desafio enfrentado pelo poder público. “O crescimento da frota foi muito maior que o investimento na malha viária. Isso pressiona o sistema e exige convivência mais segura entre todos os usuários”, avalia. Ele explica que as ações da secretaria se baseiam em três pilares: fiscalização, sinalização e conscientização. “Não basta ter agentes e semáforos. O que muda o trânsito é a consciência das pessoas. Educação é o pilar mais importante.”

O secretário ressalta que a prefeitura mantém trabalhos de educação em escolas infantis, com resultados positivos. “Antes, as crianças diziam que usavam a cadeirinha para o pai não ser multado. Depois, passaram a dizer que é para não se machucar. Essa mudança mostra o valor da conscientização desde cedo.”

Campanha

Quem se une a essa ideia é o Jornal A Hora do Sul e a Ecovias Sul com a Campanha de Trânsito: Todos pelo Melhor! A proposta é promover ações de conscientização e educação para melhorar a mobilidade urbana em Pelotas e construir uma mentalidade de respeito coletivo no trânsito. A ação se dará ao longo dos próximos meses, com reportagens e atividades de promoção da iniciativa.

Pesquisa IBGE

Pelotas – População: 325.685 habitantes

Meio de locomoção:

  • De automóvel: 38,67% (125.942)
  • De ônibus: 21,97% (71.552)
  • A pé: 12,93% (42.111)
  • De motocicleta: 10,79% (35.685)

Frota segundo Detran/RS

  • Veículos registrados: 235.835
  • Automóveis: 133.065
  • Motocicletas e ciclomotores: 50.705
  • Utilitários: 29.068
  • Reboques: 11.949
  • Caminhões: 8.547
  • Ônibus: 1.701
  • Tratores: 255
  • Outros: 545

Trabalham fora do município: 4,32% (14.069)
Estudam fora do município:
2,91% (9.477)

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