O empreendedorismo feminino em Pelotas ganha força com programas de mentoria, integração de habilidades e aprendizado a partir de crises. Pensando nisso, as entrevistadas deste fim de semana do programa Pensar Negócios, da Rádio Pelotense, foram as empresárias Juliana Schabbach e Michele Roloff, que destacam a importância de redes de apoio, planejamento estratégico e equilíbrio entre energias feminina e masculina para alcançar resultados sustentáveis e protagonismo nos negócios.
Juliana é fundadora da Axis do Brasil e trabalha também na Mater Maximus Instituto, com atuação em 17 estados, unindo gestão, liderança e desenvolvimento humano. Michele é economista e consultora, com 22 anos de experiência em gestão financeira e estratégica, e lidera a empresa da família junto aos irmãos.
Jornada dupla feminina
O mercado de trabalho ainda impõe desafios significativos às mulheres, que seguem enfrentando a dupla jornada entre as responsabilidades domésticas e as demandas profissionais. Empresária, contadora e psicanalista em formação, Juliana destaca que, historicamente, a mulher sempre partiu de um lugar de sobrecarga. “Viemos de um histórico em que as mulheres têm a carga do lar, e quando vão para o ambiente empresarial, acabam sobrepondo essa responsabilidade”, afirma.
Ambas também observam que a mulher precisou se reinventar ao longo do tempo, muitas vezes impulsionada pela necessidade de prover sustento e garantir autonomia. “A grande diferença está em poder escolher ou ser obrigada a acatar. Nossas mães e avós não puderam escolher. Hoje, nós podemos”, completa Juliana.
Conciliar a vida pessoal, os cuidados com a família e a gestão de um negócio é um desafio constante. O equilíbrio entre múltiplas responsabilidades exige escolhas conscientes, redes de apoio sólidas e atenção à saúde física e emocional. “A vida real é isso. Não vamos dar conta de tudo, e isso está tudo certo. Se escolhemos fazer vários papéis, precisamos parar de nos punir por não conseguir dar conta 100% de tudo”, diz Juliana.
Para ela, o segredo está em viver o momento presente e saber dividir atenção entre família e trabalho. “Se estou em casa, estou de corpo presente com meus filhos. Se estou no trabalho, eles sabem que vou responder quando puder. É saber focar no que tem que ser focado naquele momento”. Já Michele reforça o papel das redes de apoio, especialmente familiares. “A melhor escolha que eu faço todos os dias é o meu marido. Ele é a minha maior sustentação”.
Feminilidade e masculinidade
A integração das energias masculina e feminina é considerada por elas como a chave para o sucesso empresarial. “Todos nós temos energia feminina e masculina. A potência de um negócio está em ativar a energia masculina através da criação feminina. A criatividade vem do feminino, a execução do masculino, e a integração de ambos gera resultado”, explica Juliana.
Ela acrescenta que essa integração é essencial para evitar o adoecimento. “O feminino te permite sentir. A partir do sentimento é que você decide. Depois entra o masculino, que executa”. Essa visão também se relaciona ao cuidado com a saúde mental, um tema que vem ganhando espaço entre mulheres líderes. “Quando a gente integra emoção e razão, evita o adoecimento. É possível ter resultado sem perder a leveza”, reforça Juliana.
Oportunidades e conexões
A mentoria é apresentada como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de líderes, proporcionando direção, orientação e aceleração no aprendizado. “O mentor serve como um GPS. Ele mostra o caminho mais rápido, mas a escolha é sua”, explica Juliana. Ela também destaca programas locais de formação e eventos voltados para mulheres, que conectam aprendizado, desenvolvimento emocional e networking.
Michele, por sua vez, reforça o convite para o 6º Congresso Mulheres Empreendedoras, da Associação Comercial de Pelotas (ACP), que será realizado no próximo sábado (8), com foco em liderança feminina e estratégias de crescimento. “É um espaço para inspirar e ser inspirada. Queremos fortalecer a rede de mulheres empreendedoras, trocar experiências e mostrar que é possível crescer com propósito e equilíbrio”, convida.
Por fim, ela deixa uma mensagem às mulheres empreendedoras: “Não tenha medo de começar e ir aprendendo no meio do caminho. Se não der certo, recua, redireciona, mas continua. Nunca estamos prontos. Há mulheres que têm essa vontade de fazer algo, mas não começam porque acham que falta algo. Comecem. Com o tempo, verão o que falta”.
