Patrona da 51ª Feira do Livro de Pelotas, Alexia é poeta, cronista do jornal A Hora do Sul e influencer. Aos 19 anos, a pelotense é a mais jovem autora do Rio Grande do Sul a receber esse título. A estreia como escritora publicada aconteceu no ano passado, na 50ª edição do evento, onde lançou seu primeiro livro, O que os pássaros me contaram.
Aléxia, você é uma artista multifacetada. Quando percebeu que a poesia seria uma das suas formas mais fortes de expressão?
Eu já escrevia, mas eu escrevia outros tipos de histórias. Então, com 14 anos, eu comecei a escrever um livro de romance. E aí, em um dos estudos para técnicas de escrita, eu vi que escrever poesia pode melhorar para você desenvolver os personagens no livro de romance. Eu lembro até hoje a primeira vez que eu escrevi poesia. Eu estava no chão do meu quarto, no tapete, peguei um caderno, coloquei uma vela do lado e comecei a escrever. Daí que surgiram as primeiras palavras que eu pude escrever como poeta.
Então, a luz de vela era quase um ritual?
Era um ritual, assim, para a poesia. Eu mantive isso até hoje. Eu comecei a publicar vídeos declamando cada poesia nas redes sociais. Eu também sou influencer digital. E eu comecei a publicar esses vídeos com a luz de vela também para conseguir manter essa essência. Porque a poesia ela tem essa essência pra mim, uma coisa mais íntima, uma coisa muito bonita e é muito única também, muito íntima. Eu digo que quando eu publico as minhas poesias, quando eu compartilho com as pessoas, eu tô abrindo a porta da minha alma, para que as pessoas consigam sentir e entender um pouco do que eu carrego dentro de mim. Então, eu comecei a escrever O que os pássaros me contaram com 14 anos de idade, e finalizei com 18. Eu consigo olhar para ele, ler os textos e ver a maturidade de cada poema. Porque tem poemas que eu escrevi com 14 anos e tem poemas que eu escrevi com 18, depois de quatro anos. Então, foi esse processo inteiro de autodescoberta mesmo.
Foi de uma forma natural?
A poesia chegou na minha vida de uma forma muito natural. E ainda é muito natural. Eu digo que eu escrevo e eu estou vivendo e escrevendo. Eu não consigo, eu não me vejo em um mundo sem escrever. É uma coisa que é muito natural mesmo. O meu processo criativo é poder olhar para as coisas com mais carinho, com mais cuidado. Em um mundo onde a gente tem muita pressa, quem consegue olhar para as coisas e ter um olhar de poesia é uma raridade. É uma coisa muito única. E a poesia pode trazer essa beleza para o cotidiano dos dias, ela pode trazer essa vulnerabilidade, essa sensibilidade e mostrar para o mundo e para as outras pessoas o que a gente carrega dentro da gente. Ser artista é isso. É uma forma de expressar o que a gente carrega, as nossas lutas, as nossas vitórias. Foi assim que eu me encontrei. Eu digo que a poesia, ela me abraça. Eu escrevi o meu livro justamente para que os leitores consigam se sentir abraçados, quando não são ouvidos, quando não são vistos. Que quando eles leem a poesia, que eles consigam sentir esse abraço apertado.
Você tem uma presença marcante nas redes sociais, com mais de 100 mil seguidores. Como é transformar a poesia, algo tão íntimo, em algo que alcança tanta gente pela internet?
Eu acho que quando a gente manda para o mundo de uma forma, o mundo interpreta sempre de uma maneira diferente. A gente nunca vai conseguir mostrar, nunca vai finalizar com a mesma intenção. A intenção do artista, ela vai mudando a cada pessoa que lê, a cada pessoa que interpreta. Então, isso vai mudar, né? Isso é normal. Mas eu já tive muitas experiências positivas com a internet, onde pessoas me receberam de braços abertos quando eu comecei a publicar meu primeiro vídeo, meu primeiro texto. Eu uso o meu Instagram, Vivendo_Escrita, que foi onde eu publiquei o meu primeiro texto em 2021. E eu lembro que era só alguns amigos que sabiam que eu escrevia. ‘Vários falaram: como assim, tu escreve? A gente nunca viu tu escrever alguma coisa’. Eu falei: pois é, comecei a escrever. Um dia de tarde, eu falei, eu quero recitar essa poesia. A primeira poesia que eu fiz um vídeo foi Não se apaixone por artista. E então eu publiquei, viralizou. Pegou 126 mil visualizações e eu recebi aquilo, eu fiquei em choque, eu falei meu Deus, quanta gente. E publiquei depois o texto Outra Vida, que pegou 400 visualizações. E no final do dia eu abri o celular assim e quando eu olhei assim tava 1 milhão de
visualizações. Gente, eu quase caí para trás. Foi uma coisa, foi uma recepção muito boa que eu recebi nas redes sociais. E foi por ali que eu consegui ter esse apoio. As pessoas começaram a pedir realmente um livro. E quando eu publiquei O que os pássaros me contaram, foi lindo de ver.
 
    
    
         
                                                                         
                                             
                                     
                                             
                                     
                                             
                                     
                                             
                                     
                                             
                                     
                                             
                                     
                                             
                                     
                                             
                                     
                                             
                                     
                                             
                                     
                                             
                                    
 
					 
					 
					 
					 
							