Mais de 300 produtores de pêssego da Zona Sul participaram da primeira reunião com o Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel) para discutir formas de aumentar o preço de compra da fruta e o valor do produto no mercado nacional.
Como principal encaminhamento do encontro, foi solicitada à Conab a compra de 15 milhões de latas. A expectativa dos produtores de manter o preço do quilo em R$ 2,50 para frutas tipo 1 e R$ 2,20 para o tipo 2 não deve se confirmar para a safra 2025/2026, estimada em 45 mil toneladas. Até o momento, a indústria oferece R$ 2,10 para o tipo 1 e R$ 1,85 para o tipo 2.
Segundo o presidente do Sindocopel, Paulo Crochemore, o encontro foi importante para buscar soluções e alternativas que minimizem os impactos da queda nos preços.
“Estamos com dificuldades para vender a nova safra. Para atender à demanda do produtor, estamos achatando o preço ao máximo, tentando nos aproximar do valor internacional”, explicou.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas, Adriano Bosenbecker, a reunião demonstrou a união da cadeia produtiva, descontente com o cenário atual.
“Viemos de safras ruins, e neste ano o produtor imaginava que iria se reerguer, pagar contas atrasadas e fazer uma reserva financeira, algo essencial na zona rural”, comentou.
Reivindicações
Um dos principais encaminhamentos é a realização de uma reunião com o Ministério da Agricultura para discutir mudanças nas regras de importação do pêssego argentino. “As indústrias alegam que a queda no preço ocorre principalmente devido à entrada do pêssego argentino, que chega com valor muito inferior ao praticado no Brasil”, pontuou Crochemore.
Atualmente, a caixa com latas de pêssego na Argentina custa cerca de US$ 9,60, enquanto no Brasil o custo mínimo não sai por menos de US$ 12,80. Indústrias e produtores pretendem propor mudanças na forma de importação, hoje feita de maneira automática.
Junto ao governo do Estado, em agenda prevista para esta semana, também será solicitada redução da alíquota do ICMS e o uso de uma câmara fria pública localizada em Capão do Leão.
Outra frente de atuação envolve negociações com redes de supermercados para valorizar o produto local.
Compra pela Conab
Com um consumo interno de cerca de 35 mil toneladas, o grupo espera que a Conab adquira 15 milhões de latas excedentes para manter o preço competitivo. “Essa compra evitaria que as indústrias ficassem com estoque parado”, destacou Bosenbecker.
A proposta de compra pela Conab e as alterações na importação do pêssego argentino foram discutidas com o deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB), que entrou em contato com o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luís Rua, durante o encontro.
“A entrada do pêssego argentino tem prejudicado muito o mercado gaúcho. O governo federal precisa dar uma resposta capaz de equilibrar essa balança”, afirmou o parlamentar.
Próximos passos
Participaram do encontro o deputado federal Daniel Trzeciak; o representante do deputado Afonso Hamm (PP); o vereador Eder Blank (PSD), de Pelotas; e representantes das prefeituras de Pelotas, Capão do Leão e Morro Redondo.
Após as reuniões previstas para as próximas semanas, Sindocopel e produtores devem se reunir novamente para discutir o preço de compra da fruta.