Nos últimos dez, 15 anos, a polarização virou um tema cotidiano. O nós contra eles em absolutamente todos os temas dividiu famílias, separou amigos e, mais recentemente, azedou relacionamentos entre nações. O tarifaço injustificado de Donald Trump contra o Brasil é mais um dos temas que tem origem na própria divisão ideológica que inundou o mundo nos últimos tempos. E, para lidar com isso, finalmente as vias certas foram tomadas: diálogo e diplomacia.
A conversa do presidente americano com o presidente Lula em Kuala Lumpur ontem é histórica e precisa dar o tom dos relacionamentos futuros não apenas entre os dois países, mas na sociedade. Quando lideranças conversam em busca de um entendimento e de um meio termo, quem vence é o todo. Contra a polarização, o diálogo. Contra a guerra ideológica que divide o mundo, a compreensão.
O meio termo nunca deve ser problema quando falamos em negócios. O tanto que o Brasil sangrou nos últimos meses devido ao tarifaço mostra que um acordo era urgente. Os próprios Estados Unidos também sentiram o impacto da decisão de Trump no mercado interno. Por isso, não fazia sentido prolongar um problema coletivo única e exclusivamente por ego e discordância de ideias. Lula seguirá defendendo suas convicções. Trump também. E, ainda assim, ao que tudo indica, ambos conseguirão sair vencedores nas relações bilaterais entre os países.
Não cabe, em um mundo globalizado e hiperconectado, qualquer tipo de situação que se assemelhe a uma nova Guerra Fria, como disse Lula ontem. Trump parece ter entendido isso também. É preciso compreender que nossa sociedade inteira é baseada em trocas comerciais e a base fundamental do ideal capitalista é que todos podem vencer. Escolher um lado e querer negociar só com China ou Estados Unidos, Rússia ou Europa e tudo mais, faz com que todos percam em algum lado.
No mundo dos negócios, não faz sentido deixar dinheiro na mesa por torcer o nariz para o outro lado. Dinheiro não aceita desaforo. Desenvolvimento não aceita ideologias retrógradas. Os presidentes das duas maiores democracias do Ocidente entenderam isso. Suas nações devem seguir seu comando e ir em frente, crescendo juntas e levando isso para o resto dos países.