“Esse produto é nato da periferia pelotense, porque a maioria dos bailarinos moram na periferia”

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“Esse produto é nato da periferia pelotense, porque a maioria dos bailarinos moram na periferia”

Daniel Amaro - Coreógrafo e bailarino

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“Esse produto é nato da periferia pelotense, porque a maioria dos bailarinos moram na periferia”
Daniel Amaro é fundador da companhia. (Foto: Divulgação)

A Companhia de Dança Afro Daniel Amaro completa 25 anos, uma trajetória marcada pela formação de bailarinos oriundos da periferia e pela construção de dez espetáculos autorais, que levam a temática negra aos palcos. Para celebrar a data, o coreógrafo e bailarino, que dá nome à iniciativa, está divulgando a programação festiva. As ações começam em novembro e se estendem até setembro de 2026.

Como começou essa trajetória de 25 anos da Companhia?

Essa companhia começa quando eu estou chegando, após um ano e oito meses, em Buenos Aires e Montevidéu, e está acontecendo o Festival Cabobu, e me convidam para apresentar um número. Por sorte, eu estava escrevendo um espetáculo chamado Reminiscências. Chamei seis ex-alunas, que faziam aula comigo durante a trajetória de 1992 até o final de 1999, e passei então o fragmento desse espetáculo. Naquele momento, então, surge a Companhia de Dança Afro Daniel Amaro, que veio para fazer esse recorte da dança afro-contemporânea, dentro de Pelotas. Com esse recorte da dança negra, nesses 25 anos foram tantas coisas boas, tantas barreiras rompidas.

Quando tu começaste a dançar?

Eu comecei a dançar no final da década de 70, com sete anos. Eu dançava funk e samba. E aí, em 80, eu comecei a dançar contemporâneo, balé clássico, jazz. Eu conheci uma outra história da dança, que me fez ser o que eu sou hoje. E construí uma companhia com esse perfil, dança afro-contemporânea. Passaram por essa companhia 350 bailarinos, e eu acredito que ela é uma companhia de formação. Prefiro pegar uma pessoa para dançar que não saiba nada, sem experiência alguma, para implantar a técnica da companhia naquele corpo. A Companhia tem hoje em torno de 28 bailarinos, divididos nesses dez espetáculos. Já passou por nove estados no Brasil, por 38 cidades no Brasil, também, e três países, Argentina, Uruguai e Bélgica. Então, eu fico muito feliz em estar comemorando esses 25 anos. Esse produto é nato da periferia pelotense, porque a maioria dos bailarinos moram na periferia. Acho que a companhia acaba dando uma oportunidade para a cultura popular de qualidade ser vista.

Vocês começam agora, em novembro, com essas celebrações e vão até o ano que vem?

Então, vai até setembro do ano que vem, dia 13 de setembro, com o espetáculo A Companhia de Dança Daniel Amaro dança Luiz Melodia. Mas eu quero fortalecer o convite, para o dia 28 e 29 (novembro), pegando a experiência que nós tivemos no período da pandemia, quando transformamos todo o nosso produto em um produto virtual. Vamos apresentar, dia 28, São Lázaro, o Omolu dos Humanos, um espetáculo que estreamos no ano passado, na Colônia, na pousada São Lázaro. A gente faz uma pesquisa sobre as inquietudes do ser humano, as doenças, o que chegam até nós através de movimentos. O espetáculo vai ser on-line, às 20h. Os ingressos estão à venda no Sympla. Dia 29, vamos apresentar um outro produto, que chama-se Arqueologia Também Dança: A Dança de Ogum. Um trabalho feito em cima de material arqueológico que foi escavado na Charqueada da São João, pelo Laboratório de Estudos Interdisciplinares da Cultura Material (LEICMA), da UFPel. On-line, às 20h, também, com ingressos disponíveis no Sympla. E no dia 30, às 19h, nós vamos fazer a Dança dos Orixás, a 20ª edição. É um espetáculo que nos botou para a rua. Será na Charqueada São João, na frente de uma senzala.

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