“São dez anos de obra”, diz Darlene Pereira

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“São dez anos de obra”, diz Darlene Pereira

Prefeita de Rio Grande afirma que o Polo Naval vive uma retomada gradual, com geração de empregos prevista a partir de dezembro

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“São dez anos de obra”, diz Darlene Pereira
(Foto: Divulgação)

O Polo Naval voltou a se mover, mesmo que de forma discreta. Em entrevista à Rádio Pelotense, a prefeita Darlene Pereira (PT) afirmou que a cidade vive o início de um novo ciclo industrial, que deve se estender por pelo menos dez anos de obras. Os contratos já assinados com a Transpetro, somados às novas licitações em andamento, representam para o Rio Grande uma perspectiva inédita de continuidade e estabilidade,  dois elementos que causaram preocupação nas fases anteriores do projeto naval.

Segundo Darlene, a reativação acontece em etapas. Dentro do estaleiro, equipes da Ecovix trabalham no desmantelamento da plataforma P-32, na elaboração dos projetos de novos navios e na aquisição de materiais. A presença de técnicos da Petrobras, que começam a chegar neste mês e marcam a transição para a fase operacional. A contratação de mão de obra em maior escala está prevista para ocorrer entre dezembro e janeiro, com prioridade para trabalhadores da região.

“São dez anos de obra. O trabalho já começou, mesmo que as pessoas ainda não enxerguem o movimento”, afirmou.

O contrato inicial prevê a construção de quatro navios, e outros cinco, os gaseiros, que estão em disputa final. Caso ambos os projetos avancem, a Ecovix passará a responder pela produção de nove embarcações, o que deve garantir um fluxo contínuo de atividades até meados da próxima década.

“É um volume que representa estabilidade dentro da indústria naval. Mas são processos lentos, complexos e de valores muito altos. Só os quatro navios já contratados somam cerca de R$ 4 bilhões”, destacou.

A prefeita define esse período como “dez anos de obras”, não apenas pela execução física dos projetos, mas pelo encadeamento de serviços, subcontratações e etapas de engenharia. Na prática, significa emprego direto no estaleiro e também indireto em setores como transporte, alimentação, hospedagem e comércio. Darlene lembra que o Rio Grande chegou a ter mais de 20 mil trabalhadores vinculados à indústria naval em seu auge e aposta em uma recuperação gradual dessa capacidade.

Emprego e qualificação

A prefeitura trabalha para garantir que a mão de obra local seja priorizada nas contratações. O diálogo com a Ecovix e o Senai prevê programas de requalificação profissional voltados a ex-trabalhadores do estaleiro e jovens técnicos formados na região. O processo seletivo será conduzido pela própria empresa, mas a prefeitura acompanha de perto as tratativas para ampliar a presença de rio-grandinos no canteiro.

“Este mês chegam os servidores da Petrobras que vão acompanhar o processo. A grande contratação de mão de obra deve acontecer entre dezembro e janeiro. Não temos como obrigar que as contratações sejam apenas de pessoas da região, mas estamos dialogando com a Ecovix para priorizar os trabalhadores locais. Temos mão de obra qualificada, e o Senai está conduzindo programas de requalificação”, explicou.

Darlene defende que o município precisa de tempo e planejamento para absorver novamente uma economia de base industrial. O desafio, diz ela, é combinar a retomada de empregos com infraestrutura, moradia e serviços urbanos capazes de sustentar o crescimento sem desequilíbrios.

Política de Estado

Mais do que uma nova fase produtiva, a prefeita considera que o Polo Naval só será sustentável se for tratado como política de Estado, e não apenas como iniciativa de governo. A lembrança dos altos e baixos dos últimos quinze anos, do auge das plataformas à falência da Engevix, orienta sua cautela. O município tem atuado em Brasília pela conclusão de obras estruturantes, como o Lote 4 da BR-392, importante para o escoamento da produção naval e portuária.

“Como riograndina, vivi os altos e baixos. Criamos cursos de engenharia naval, formamos profissionais e vimos tudo parar. Agora, o desafio é garantir que o que está sendo retomado não se perca. Rio Grande aprendeu a lição”, concluiu.

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