Ideias, atitudes e comportamento são ações individuais, intrínsecos da própria existência de cada um. Em um momento de sociedade padronizada em diversas frentes, é até um alento quando encontramos pessoas realmente genuínas. Só que precisamos ter em mente que cada movimento gera impacto no entorno. Ao vivermos integrados à sociedade, vivemos coletivamente. Cada gesto repercute, direta ou indiretamente no outro, e é aí que a coisa vira complexa.
Falemos sobre a questão das vacinações, por exemplo. Cabe uma boa discussão sobre a ideia da prefeitura de Pelotas, de acionar Conselho Tutelar e Ministério Público para tentar aumentar os índices de vacinação. Há quem vá erguer a mão rapidamente para argumentar que não é papel do Estado forçar alguém a vacinar-se, ou a proporcionar isso aos seus filhos. Do outro lado, alguém vai bradar que o egoísmo de não vacinar-se afeta tanto o outro quanto a si mesmo.
É, antes de tudo, necessário delimitar e encontrar entendimentos sobre como iremos lidar, como uma sociedade coletiva, com essa situações. Acima de tudo, regras precisam estar escritas e colocadas claramente. E devem funcionar.
O fato é que a baixa vacinação reflete um momento extremamente complexo da sociedade como um todo. Há dezenas, talvez centenas, de ângulos para ser abordado. Desinformação, bolhas virtuais que estimulem o movimento antivacina, a própria falta de percepção dos impactos da medicação, entre tantas outras frentes. Tudo isso é válido, mas acima de tudo, precisamos também entender como contornar isso.
Os números precisam mudar. As pessoas devem compreender que vacinar-se é cuidar de si, do próximo e, principalmente, sobreviver. Governos devem amplificar as campanhas, até de maneira mais assertiva e firme. Escolas precisam exigir que crianças estejam em dia com suas obrigações, justamente para garantir a proteção de outros. Só com uma certa rigidez, baseada em regras claras e bem definidas, que vamos superar esse momento tão obscuro da nossa sociedade.